A próxima sessão da comissão está marcada para esta quinta-feira quando Gabriel Monteiro deverá ser ouvido. Embora o parlamentar tenha pedido para a sessão ser aberta, os vereadores explicaram que o regimento interno da Casa proíbe.
Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro
A encenação do roubo de uma bolsa, com a participação de um morador em situação de rua, produzida pela equipe do vereador Gabriel Monteiro (PL), ainda que seja classificada pelo parlamentar como um experimento social, configura crime, segundo o delegado titular da 42ª Delegacia de Polícia, Luis Armond. Ele depôs na terça-feira, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal do Rio dentro do processo que analisa se o vereador cometeu quebra de decoro parlamentar. – O embasamento em si (de experimento social) não vai afastar uma ilicitude do fato. Caracterizando que houve essas exposições e tudo mais, embora seja um experimento, não é todo experimento que é permitido. Então, não vejo como isso afastar alguma coisa. A exposição é real. Está se simulando uma situação, mas nem todos os personagens, pelo o que está sendo apurado, estariam conscientes dessa questão. Não seria uma encenação. Haveria a possibilidade de acontecimentos imprevisíveis – disse o delegado, à saída da comissão. Segundo ele, o oferecimento de dinheiro para o morador de rua simular que estaria furtando a bolsa de uma mulher, à noite, no bairro da Lapa, em março deste ano, constitui um agravante. O advogado Sandro Figueredo, que defende Gabriel Monteiro, rebateu a tese do delegado. – Todos os experimentos sociais do vereador Gabriel Monteiro têm o único sentido de mostrar para a sociedade que o crime não é a última opção. Com extremo respeito, nenhum delegado de polícia tem competência para definir se há ou não culpa. Quem vai definir isso é a autoridade judiciária, através do processo criminal. Ao final da investigação, eu tenho convicção que o relatório do delegado vai ser pela atipicidade da conduta – disse o advogado. O próprio vereador procurou a imprensa para se posicionar sobre o fato, alegando que a gravação veiculada nas televisões trata-se de “uma mentira”. Ele mostrou, em um celular, trechos do vídeo, alegando que se tratava de uma campanha contra o feminicídio. – É um experimento meu, social, que eu mostro para a sociedade que ela pode ser vítima, nossas mães, avós, irmãs, sobrinhas, a qualquer momento, de homens sanguinários. E eu mostro que muita gente está disposta, por dinheiro, a participar de um assassinato contra uma mulher – sustentou o parlamentar.