Na véspera, em entrevista às agências internacionais na capital paraense, Lula disse que conversou com o presidente norte-americano, Donald Trump, sobre o assunto no encontro que tiveram na Malásia, em outubro.
Por Redação, com Reuters – de Belém do Pará
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), no próximo domingo, em Santa Marta, na Colômbia. Trata-se, de acordo com o líder brasileiro, do ambiente apropriado para discutir a movimentação militar dos Estados Unidos na região do Caribe e na costa da Venezuela.

Na véspera, em entrevista às agências internacionais na capital paraense, Lula disse que conversou com o presidente norte-americano, Donald Trump, sobre o assunto no encontro que tiveram na Malásia, em outubro. Na ocasião, colocou-se à disposição para atuar como interlocutor entre os Estados Unidos e a Venezuela.
— Só tem sentido a reunião da Celac, neste momento, se a gente for discutir essa questão dos navios de guerra (norte-)americanos aqui nos mares da América Latina. Tive oportunidade de conversar com o presidente Trump sobre esse assunto, dizendo para ele que a América Latina é uma zona de paz. Somos uma zona de paz, não precisamos de guerra aqui. O problema que existe na Venezuela é um problema político que deve ser resolvido na política — avaliou.
Petróleo
A cúpula Celac-UE ocorre em momento de tensão no Caribe, para onde os Estados Unidos enviaram tropas terrestres, submarinos e navios militares. O governo do presidente Donald Trump bombardeou embarcações na região, sob a justificativa de estar combatendo as rotas de narcotráfico que abastecem o país norte-americano.
Já o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, argumenta que há interesses nas reservas de petróleo do país e que o reforço militar na região tem o objetivo de tirá-lo do poder.
A cúpula Celac-UE reunirá líderes dos 27 países da União Europeia e das 33 nações da Celac, com foco na retomada do diálogo birregional e nas negociações do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. O encontro segue até a segunda-feira, mas Lula participa apenas do primeiro dia e retorna a Belém para a abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
Negociações
O presidente está no Pará desde o último sábado (1º), onde inaugurou obras na capital e visitou aldeias indígenas e comunidades tradicionais no interior do estado. Nesta quinta (6) e sexta-feira (7), Lula preside a cúpula de líderes da COP30, em Belém, evento que antecede a conferência principal.
As negociações oficias entre os delegados de países signatários do tratado sobre o clima das Nações Unidas ocorrerão após a cúpula, de 10 a 21 de novembro. Na agenda, estão temas como financiamento climático, transição energética, adaptação e preservação da biodiversidade.
O Brasil e a Colômbia, dois atores-chave que, no ano passado, coordenaram ações de aproximação com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, desde então, adotaram abordagens diferentes. As críticas contundentes de Petro levaram Trump a rotulá-lo de “líder do narcotráfico” e motivaram Washington a impor sanções. Lula, por sua vez, adotou um tom mais diplomático em meio às negociações comerciais em curso com os EUA e disse a Trump que estaria disposto a mediar o conflito com Maduro.