“Demorou pouco pra se descobrir que o ministro da Saúde acadêmico, de acadêmico nada tem. Na bagagem, um doutorado inexistente e dois artigos científicos”, escreveu o jornalista Lauro Mattei, em coluna no jornal eletrônico GGN.
Por Redação - de Brasília e São Paulo
Enquanto o novo ministro do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), o médico Nelson Teich, coloca em seu currículo um doutorado que não realizou, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, passa por ridículo no meio intelectual após abrir uma divergência, no campo do absurdo, com o filósofo esloveno Zlavoj Zizek.
“Demorou pouco pra se descobrir que o ministro da Saúde acadêmico, de acadêmico nada tem. Na bagagem, um doutorado inexistente e dois artigos científicos”, escreveu o jornalista Lauro Mattei, em coluna no jornal eletrônico GGN. Ele denunciou que a Universidade de York “não confirma informação de doutorado do novo ministro da Saúde”.
Se não bastasse, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, publicou em seu blog, na véspera, um texto chamado "Chegou o Comunavírus”. Nele, Araújo ataca Zlavoj Zizek ao citar George Orwell. O chanceler brasileiro compara o isolamento social a campos de concentração nazistas e diz que a quarentena faz parte, na verdade, de um plano secreto para impor o comunismo no mundo.
O chanceler também fez críticas à China e consentiu com governos ditatoriais, desde que tenham "um rosto e uma bandeira”.
Doença
"No pensamento de Zizek, à custa da destruição dos empregos que permitem a sobrevivência digna e minimamente autônoma de milhões e milhões de pessoas, ao preço do desmantelamento de sua liberdade e de seu sustento, se atinge um mundo 'em paz consigo mesmo’.
“O comunismo sempre afirmou que seu objetivo é a paz e a emancipação de toda a humanidade. Aí, numa cidade deserta, sem emprego, sem vida, onde cada um é prisioneiro em seu cubículo, sob a supervisão de uma autoridade suprema que nem sequer é o governo do seu próprio país (que por mais ditatorial que seja ainda pelo menos tem um rosto e uma bandeira), mas uma agência global anônima e inatingível, aí está a configuração perfeita da paz e da emancipação comunista", escreveu.
O ministro também citou o escritor George Orwell, autor do clássico livro 1984, e criticou as correntes de solidariedade que estão se formando pelo mundo como resposta às consequências da pandemia.
Auschwitz
“O objetivo não é debelar a doença, e sim utilizá-la como escada para descer até o inferno, cujas portas pareciam bloqueadas desde o colapso da União Soviética, mas que finalmente se reabriu. Tudo em nome da 'solidariedade', claro, do mesmo modo que no universo de 1984 de Orwell a opressão sistemática fica a cargo do 'Ministério do Amor'. Quem quiser defender suas liberdades básicas, quem quiser continuar vivendo num Estado-Nação, estará faltando com o dever básico de ‘solidariedade”, acrescentou.
O ministro também comparou o isolamento social aos campos de concentração nazistas: "O que diferencia este novo mundo do campo de Auschwitz é que agora se fará bom uso desta horrível mentira que perverte e humilha dois valores sagrados da humanidade, o trabalho e a liberdade. Os comunistas não repetirão o erro dos nazistas e desta vez farão o uso correto. Como? Talvez convencendo as pessoas de que é pelo seu próprio bem que elas estarão presas nesse campo de concentração, desprovidas de dignidade e liberdade”.
Ao final do texto, Araújo critica ainda o "alarmismo climático", a "ideologia de gênero", o "politicamente correto", o "imigracionismo", o "antinacionalismo" e o "cientificismo", afirmando que a pandemia do coronavírus representa a "exponencialização" do "projeto globalista" no mundo. A reportagem do Correio do Brasil procurou o Itamaraty para comentar as afirmações do ministro, mas não obteve retorno.