O ex-secretário, que ocupou a pasta durante o governo de Eduardo Paes, ganhou o direito de cumprir prisão em regime domiciliar.
Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro
O ex-secretário municipal de Obras do Rio de Janeiro Alexandre Pinto da Silva disse, na terça-feira, que as normas técnicas para a construção da Ciclovia Tim Maia não exigiam o estudo de análise de risco da obra. Ele afirmou que não participou do projeto básico e que o método de construção da ciclovia, em que o tabuleiro fica somente apoiado na estrutura vertical, é muito utilizado em obras daquele porte.
O secretário falou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores, criada para investigar a responsabilidade pelo desabamento da ciclovia, em abril de 2016, que deixou duas pessoas mortas.
Alexandre Pinto está usando tornozeleira eletrônica e a ida dele à CPI foi autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. O ex-secretário, que ocupou a pasta durante o governo de Eduardo Paes, ganhou o direito de cumprir prisão em regime domiciliar. A decisão do juiz Marcelo Bretas foi divulgada no último dia 30 de julho. O Ministério Público Federal (MPF) se manifestou contra a medida, mas Bretas considerou que Pinto vem colaborando com a Justiça e não vai atrapalhar o andamento do processo, que já está em estágio adiantado.
Segundo o ex-secretário, as empresas que executaram a obra foram contratadas por meio de licitação, e o parentesco entre dirigentes da empresa e o secretário municipal de Turismo à época, Antônio Pedro Figueira, não configura conflito de interesses.
– Em engenharia não existe azar, mas sim análise em cima de normas. Houve uma falha [no projeto] em não ter previsto o movimento ascendente das ondas, mas a norma não estabelece essa obrigatoriedade. Desconheço a obrigatoriedade de fazer análise de risco. Cabe aos projetistas identificarem, em função das situações encontradas no projeto. Do ponto de vista da engenharia foi um grande aprendizado – comentou.
Presidente da CPI, o vereador Renato Cinco (PSOL) acredita que houve negligência muito grande na construção da ciclovia. “A análise de risco identificaria que é comum à região da Gruta da Imprensa ser atingida por ondas. Mesmo que a estrutura da ciclovia aguentasse a ressaca, os usuários poderiam ter sido arrastados”, afirmou o parlamentar, acrescentando que a comissão recomendará um monitoramento permanente para que a ciclovia seja fechada sempre que houver ondas que cheguem a dois metros.