Na avaliação do advogado criminalista José Carlos Portella Junior, integrante do coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia, a “justiça que tarda não pode ser considerada justiça”. Ele cita estragos provocados pela Lava Jato ao país.
Por Redação - de São Paulo
A confirmação da suspeição do ex-juiz de Sergio Moro, referendada pela Segunda Turma Supremo Tribunal Federal (STF), encerrou, na noite passada, um “ciclo tenebroso” da Justiça brasileira, mas de maneira tardia. De acordo com especialistas, a Operação Lava Jato causou múltiplos danos no Brasil, como a fragilização da democracia e a ascensão da extrema-direita.
Na avaliação do advogado criminalista José Carlos Portella Junior, integrante do coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia, a “justiça que tarda não pode ser considerada justiça”. Ele cita estragos provocados pela Lava Jato ao país.
— Demoliram os frágeis pilares da democracia do Brasil, a Lava Jato destruiu setores estratégicos econômicos e ainda gerou desemprego em massa. O Brasil vai demorar décadas para recuperar o prejuízo criado pelos desdobramentos da operação. Além disso, sem ela também não haveria a ascensão do nazifascista Jair Bolsonaro — afirmou Portella, em entrevista à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA), nesta quarta-feira.
Democracia
O cientista político e professor da Unicamp Wagner Romão acredita que o julgamento da suspeição de Moro também é um recado à politização do sistema de justiça.
— Essa decisão encerra um ciclo tenebroso para a Justiça brasileira. O STF também se enrolou com o lavajatismo, sendo conivente com o que foi praticado pela operação, mas ao fim mostrou como ela foi um tribunal de exceção — disse.
Por 3 votos a 2, a o colegiado julgou que Moro agiu com parcialidade ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex do Guarujá. Romão classificou o julgamento como “uma vitória daqueles que batalharam pela busca da verdade”.
— A democracia venceu, pois a Constituição Federal venceu também — completou.