Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Centro de Inovações: caminho para o desenvolvimento

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Segunda, 11 de Setembro de 2023 às 09:30, por: CdB

O Centro de Informática da UFPE-CIN., hoje, é uma estrutura com prédios bem estruturados, mais de 20 laboratórios, servidores e equipamentos moderníssimos, 2 mil estudantes, mais de 90 professores formados nas melhores universidades do mundo.


Por Abraham B. Sicsú – de Brasília


Tenho sido convidado e sempre aceito. Visitar instituições de referência em Pernambuco, na área de pesquisa e inovação me é prazeroso. Um bom amigo me chama para ver o Centro de Informática da UFPE-CIN.




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Centro de Informática da UFPE-CIN

Lembrei de anos atrás. Fins dos 70 e início dos 80 do século passado. Um grupo de jovens doutores da área estava retornando. E discutia perspectivas para o estado. Paulo, Clilton, Sílvio e Merval, os que agora me vêm à memória. Um ambiente propício a transformações. Implantação da Rede Nacional de Pesquisa, a Internet mais popularmente conhecida, transformações na área, a WEB se implantando como padrão mais usual. Planejavam um pólo empreendedor em Pernambuco, não regional, mas como se dizia à época, de Classe Mundial. Não sei se chegamos, mas não há como negar que trouxe boas transformações.


Consegue-se transformar o Departamento em Centro, descolando-se da estatística, um elevar na estrutura da universidade. Começam a se preocupar com empresas e com o mercado. Lembro de visitar uma pequena incubadora, nos fundos de um corredor do então Departamento, onde quatro ou cinco pequenas empresas surgiam, empresas que depois se consolidam.


O Centro, hoje, é uma belíssima estrutura. Com prédios bem estruturados, mais de 20 laboratórios, servidores e equipamentos moderníssimos, 2 mil estudantes em todos os perfis da área computacional e nível de qualificação, mais de 90 professores formados nas melhores universidades do mundo e, o melhor, mantendo esses vínculos internacionais ativos e com interações constantes. Docentes e discentes têm acesso 24 horas por dia aos laboratórios, todos os dias da semana, e contam com infraestrutura adequada para seus trabalhos.


Três Departamentos com muita interação. Ciências da Computação, Sistemas de Computação, Informação e Sistemas. Uma estrutura que permite forte sinergia e o fluxo, quando necessário, de participantes de um para outro, a fim de consolidar programas.


O organograma me chama a atenção. Foge da modelagem convencional, usual na nossa universidade. Uma Gerência de Finanças e Compras, evitando burocracia, fazendo com que o tempo não seja fator de inviabilização de projetos. Uma Gerência de Infraestrutura e manutenção que tem por obrigação garantir condições adequadas aos projetos em andamento.



Contratos e Convênios


No entanto, o que mais me traz interesse é uma Coordenação de Cooperação e Empreendedorismo, com duas gerências, a de Contratos e Convênios e a de Negócios. Garantir a inserção no mercado do alunato, fazer parcerias empresariais, projetos de pré-investimentos, tudo é tratado. A questão da inovação é ponto forte desse Centro.


Bom lembrar que os principais projetos da área em Pernambuco saíram dessa estrutura. Impossível pensar o Portodigital sem sua conexão com o Centro. Impensável ver o CESAR, como principal empresa do Porto, sem compreender que os professores do CIN a ela deram grande contributo.


Muitas das principais empresas do Portodigital têm sua origem lá, os principais projetos foram coordenados por professores do CIN, as primeiras parcerias sempre assinadas com o aval dele. Ás vezes, isso se esquece ou se relativiza, mas é ponto a não ser esquecido.


Nos projetos visitados pude ver uma diversidade de áreas tratadas. Setores como telecomunicações, automotivo, energia e varejo, entre outros, estão na agenda. Aproveitando a Lei da Informática e seus incentivos, foram feitas parcerias com grandes empresas como a Fiat Chryster, HP, Motorola e Samsung.


Tive a oportunidade de visitar o laboratório da Motorola. Na área dos celulares, dos móbiles, desde 2002, a Motorola possui um laboratório no Centro.  A preocupação do grupo mundial, principalmente, é com testes de software embarcados em seus produtos. Por este laboratório passam praticamente todos os novos programas da companhia.



Programa de residência


Tive muito interesse em um programa de residência que eles mantém faz tempo. Cursos para formar técnicos altamente qualificados na área de aplicações em computação móbile. Várias turmas foram formadas e representam um espaço de mercado muito significativo para profissionais que se interessam pela área. Se as primeiras turmas eram basicamente absorvidas pela companhia, atualmente o mercado disputa esses profissionais com muita avidez.


Grande parte das principais empresas do chamado pólo de informática do Recife tiveram sua origem no Centro. Neurotech, Tempest, Informa, In Loco Média, Joy Street entre outras, de lá saíram e se firmaram como empresas de impacto mundial. A junção de pesquisa acadêmica bem estruturada com visão de mercado fez com que se implantassem e se consolidassem.


Novas recordações. Anos atrás criamos um Prêmio para Inovação quando estava na Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco. Prêmio disputado, com excelentes competidores. Ganhou a In Loco tendo em vista a relevância de seus projetos, a qualidade e, principalmente, sua visão de mercado. A preocupação com o GPS indoor era algo novo e bastante adequado para o mundo disruptivo em que vivemos.


Por fim, a preocupação de incluir nos currículos disciplinas de empreendedorismo, que fazem com que todo aluno de graduação necessite criar uma empresa virtual antes de se formar, estimula a criatividade e interesse pelo mundo real que terão de enfrentar. Uma experiência importante que nessa instituição se torna muitas vezes concreta.


Uma visita que me dá esperança, em que instituições bem direcionadas podem ajudar em muito a regiões ainda excluídas. Valorizemos o que temos de bom e vem dando certo. O Centro se caracteriza, no meu entender, mais como de Inovação do que propriamente de Informática.


 

Abraham B. Sicsú, é professor aposentado do Departamento de Engenharia de Produção da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e pesquisador aposentado da Fundaj (Fundação Joaquim Nabuco).


As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil



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