As conversas, contidas em áudios enviados por aplicativos de mensagens entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, foram interceptadas durante as investigações e reveladas nesta quinta-feira.
Por Redação, com CartaCapital – de Brasília
Wladimir Soares, o agente da Polícia Federal investigado por participação na trama golpista, teria contado a aliados detalhes do violento plano para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas urnas.

As conversas, contidas em áudios enviados por aplicativos de mensagens entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, foram interceptadas durante as investigações e reveladas nesta quinta-feira pela TV Globo e pelo portal G1.
Segundo o agente, o plano traçado pelos bolsonaristas, de fato, previa prender os ministros do Supremo Tribunal Federal e adversários do ex-presidente. Se fosse preciso, afirma o policial, o grupo não hesitaria em matar opositores. As mensagens confirmam a estratégia traçada no chamado ‘Punhal verde e amarelo’, documento encontrado com golpistas pela PF.
– A gente tava preparado para isso, inclusive. Para ir prender o Alexandre de Moraes. Eu ia estar na equipe, ia botar para f** nesse f*** – diz Soares em um dos áudios revelados pelo site.
– A gente ia com muita vontade, ia empurrar meio mundo de gente, pô, matar meio mundo de gente. Não ia estar nem aí – completa mais adiante.
As mensagens, segundo investigação da Polícia Federal, foram trocadas entre Soares e outros membros da corporação, que, em alguns casos, também teriam mostrado inclinação em participar da empreitada golpista. “Grande Wladimir! Estaremos eu e você [na equipe para prender e matar opositores]”, disse um delegado ao ser apresentado ao plano. Os nomes dos interlocutores de Soares ainda não foram revelados.
O agente da PF, que já participou da equipe de segurança de Lula (PT), é um dos denunciados pela Procuradoria-Geral da República pela trama golpista. Segundo a PGR, ele inicialmente seria o responsável por repassar informações sobre a localização e rotina do petista aos golpistas. Depois, foi integrado pelos chefes da organização criminosa a outros núcleos da tentativa de golpe.
Grupo era subordinado a Bolsonaro
Nas mensagens reveladas nesta quinta, Soares indica, mais uma vez, que o grupo disposto a prender e matar autoridades era diretamente subordinado a Bolsonaro.
Nas conversas, conta que o grupo só não teria ido adiante com a iniciativa violenta porque o ex-capitão ‘deu para trás’ na última hora. O recuo do ex-presidente, por sua vez, se deu após negativa de generais em embarcar na ruptura.
– Os generais foram lá e deram a última forma e disseram que não iam mais apoiar ele. Ou seja, foram… Na realidade, o PT pagou para eles, comprou esses generais – diz Soares em uma das mensagens citadas pelo G1.
– A gente tava pronto, só que aí o presidente… Esperávamos só o ok do presidente, uma canetada para a gente agir. Só que o presidente deu para trás – contou, então, o agente.
A conclusão é semelhante à da PGR, que afirma que Bolsonaro teria recuado ao não ter o apoio de parte importante das Forças Armadas.
Preso e denunciado
Soares está preso desde novembro de 2024, no âmbito da Operação Contragolpe, que revelou o plano que previa o assassinato de Moraes, de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Ele faz parte, segundo a PGR, do ‘núcleo 3’ da trama golpista, que tentava agir para que o Exército apoiasse um eventual golpe. A denúncia contra o grupo será analisada pelo STF no dia 20 de maio.