O interesse cresceu tanto que agremiações tradicionais da cidade, como as multicampeãs Mocidade Alegre, Nenê de Vila Matilde e Rosas de Ouro já criaram estratégias para receber viajantes internacionais.
Por Redação, com ANSA – de São Paulo
O Carnaval de São Paulo, que já movimenta cifras bilionárias a cada ano, tem apostado cada vez mais na atração de turistas estrangeiros para se popularizar no exterior, fazendo de suas escolas de samba verdadeiras embaixadoras da cultura brasileira no mundo todo.

O interesse cresceu tanto que agremiações tradicionais da cidade, como as multicampeãs Mocidade Alegre, Nenê de Vila Matilde e Rosas de Ouro já criaram estratégias para receber viajantes internacionais e mostrar como o trabalho das comunidades se transforma em uma das maiores festas do planeta no Sambódromo do Anhembi.
– O carnaval é um dos espaços mais democráticos que existem, e é isso que faz dele uma festa popular. É um espetáculo feito pela comunidade e, por isso, deve ser protagonizado por ela. E, por ser tão democrático, tem espaço para todo mundo, inclusive para o turista que se encanta com a maior expressão cultural do Brasil – enfatizou Victor Lebro, diretor de carnaval da atual campeã Rosas de Ouro, à agência italiana de notícias ANSA.
Desfiles no Anhembi
Em 2025, os cinco dias de desfiles no Anhembi registraram a presença de 223 mil pessoas, incluindo estrangeiros, de acordo com a Prefeitura, e geraram um impacto econômico de R$ 6,7 bilhões no estado, segundo o governo paulista, beneficiando diretamente setores como hotéis, restaurantes, transporte e comércio.
No entanto, para Lebro, esse “potencial turístico enorme” ainda é “mal aproveitado”. “O samba e o Carnaval têm o poder de atrair o olhar estrangeiro e de ser um catalizador do turismo no país”, salientou.
O dirigente explicou ainda que a Rosas de Ouro “sempre foi uma escola atenta a esse tema” e, “além de já ter levado o samba para vários países do mundo”, “sempre recebeu muito bem os turistas, criando e delimitando espaços para estrangeiros em seus ensaios e também no desfile”.
Já a presidente da Mocidade Alegre, Solange Bichara, lembrou até de uma viagem que fez à Europa, onde foi reconhecida como “a mulher dos terços” — ela costuma acompanhar a apuração de notas com símbolos de fé e proteção —, simbolizando o crescente interesse pelo Carnaval no exterior.
– O turista vem bastante pra São Paulo, a gente movimenta muito essa cadeia cultural, hoteleira, de todo o nosso estado. Então é importante que a gente se movimente pra fazer isso crescer cada vez mais – destacou a presidente da Mocidade.
Já Rinaldo Andrade, o Mantega, presidente da Nenê da Vila Matilde, uma das escolas de samba mais tradicionais da cidade, destacou que a agremiação tem uma preocupação especial para receber estrangeiros.
– Temos pessoas que falam inglês, alemão e italiano para se comunicar com o turista e mostrar o que é nossa cultura, o que é o nosso Carnaval – afirmou ele, ressaltando que os estrangeiros costumam sair “maravilhados” com a beleza do espetáculo.
Para ajudar a popularizar a festa, algumas agremiações de São Paulo vão se unir a outras do Rio de Janeiro no projeto “O Maior Encontro entre Escolas de Samba do Brasil”, que prevê uma série de apresentações pré-Carnaval em 2026.
O palco do Tokio Marine Hall, na capital paulista, se transformará em uma verdadeira avenida durante quatro noites — 16, 24 e 30 de janeiro e 6 de fevereiro —, reunindo Rosas de Ouro, Mocidade Alegre, Gaviões da Fiel, Nenê de Vila Matilde, Portela, Salgueiro, Grande Rio e Vila Isabel, além de grandes nomes do samba, como Dudu Nobre, Demônios da Garoa, Márcio Art e Almirzinho.