A avaliação de analistas políticos é de que 2024 será decisivo para o futuro de Arthur Lira. A capacidade do deputado alagoano de controlar a própria sucessão, para manter influência interna, será testada ao extremo.
Por Redação - de Brasília
A um ano ainda da sucessão no Congresso, os próximos meses serão de articulações para a definição dos nomes na disputa pelo comando das duas Casas do Congresso, no mandato que se inicia em 1º de fevereiro de 2025. Na Câmara dos Deputados, há ao menos três candidatos já colocados, com o desafio do atual presidente Arthur Lira (PP-AL) de manter relevância na escolha do sucessor, evitando o que ocorreu com o antecessor, Rodrigo Maia, que demorou a articular a candidatura de um aliado e foi atropelado pelo próprio Lira em 2021.
No Senado, por sua vez, o ex-presidente Davi Alcolumbre (União-AP) despontou primeiro como candidato, com o apoio de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e agora tenta se consolidar como favorito. Nos dois casos, o governo federal acompanha a disputa de perto, mas evitando acenos mais diretos, para afastar as consequências de um passo em falso que possa colocar desafetos no comando das Casas do Legislativo.
A avaliação de analistas políticos é de que 2024 será decisivo para o futuro de Arthur Lira. A capacidade do deputado alagoano de controlar a própria sucessão, para manter influência interna, será testada ao extremo. O parlamentar tem dito a interlocutores, segundo apurou a mídia conservadora, que somente irá discutir a eleição para a presidência da Câmara, que ocorrerá em fevereiro de 2025, depois de agosto. Mas os próprios aliados admitem que a disputa avança nos bastidores, mesmo contra a vontade de Lira.
Corrida
O ano encerrado na semana passada terminou com três pré-candidatos em plena campanha pelo cargo: o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), favorito de Lira; o primeiro vice-presidente da Casa, Marcos Pereira (Republicanos-SP); e o líder do PSD, Antonio Brito (BA). O deputado Isnaldo Bulhões (AL), que lidera a bancada do MDB, também é citado, mas até agora não entrou completamente na corrida pela cadeira de presidente da Câmara.
Se conseguir eleger seu sucessor, Lira sairá fortalecido politicamente, dizem integrantes do Congresso. O deputado alagoano quer manter sua influência na Câmara para concorrer ao Senado em 2026, quando a vaga de seu maior rival político, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), estará em jogo. A aproximação com o governo Lula é parte dessa estratégia, avaliam interlocutores de Lira.
Integrantes do Congresso dizem que a vontade de Lira é comandar um ministério quando deixar a Presidência da Câmara, no ano que vem. Mas outros afirmam que o maior trunfo do deputado alagoano seria manter influência interna na Casa legislativa. Há quem tenha visto o movimento do parlamentar para turbinar as emendas de comissão – serão R$ 16,6 bilhões em 2024 – como um indicativo de que ele deseja presidir a Comissão Mista de Orçamento (CMO).
Relator
Nas últimas semanas, contudo, outra aposta ganhou força: a de que Lira pode ser o relator do Orçamento de 2026, ano de eleição geral, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá disputar um novo mandato no Palácio do Planalto. Essa peça orçamentária será discutida em 2025 no Congresso, exatamente quando o presidente da Câmara deixará o atual cargo.
Para se tornar relator do Orçamento, presidente da CMO ou ministro, Lira precisará mostrar capacidade de manter influência política e não repetir seu antecessor no cargo, Rodrigo Maia, que apostou na candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) em 2021, foi traído por aliados e viu seu candidato ser derrotado pelo próprio Lira. Maia saiu da política e hoje preside a Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF).