Em 2006, por exemplo, Ana Maria Rangel (PRP) e Heloísa Helena (PSOL) disputaram a eleição presidencial. Heloísa Helena, aliás, teve quase 7% dos votos válidos e, com isso, consolidou-se como uma política de relevância nacional, chegando a ser especulada como candidata a presidenta também em 2010.
Por Redação, com BdF - de Brasília
As eleições presidenciais deste ano devem ter o menor número de candidaturas de mulheres desde 2002. Daquele ano em diante, pelo menos duas mulheres fizeram campanha para ocupar a Presidência. Neste ano, apenas a senadora Simone Tebet (MDB-MS) apresentou-se como pré-candidata a presidente.
Pesquisas eleitorais divulgadas neste ano listaram cerca de 12 nomes de pré-candidatos a presidente, incluindo Tebet. A senadora, no entanto, ainda não apareceu com mais de 2% das intenções de voto nos levantamentos divulgados até agora. A baixa popularidade – ainda que momentânea – e o fato de Tebet provavelmente ser a única candidata à Presidência em 2022 destoam das corridas eleitorais de anos anteriores.
Em 2006, por exemplo, Ana Maria Rangel (PRP) e Heloísa Helena (PSOL) disputaram a eleição presidencial. Heloísa Helena, aliás, teve quase 7% dos votos válidos e, com isso, consolidou-se como uma política de relevância nacional, chegando a ser especulada como candidata a presidenta também em 2010 – acabou candidatando-se ao Senado por Alagoas, mas perdeu.
Lamentável
Na eleição seguinte, em 2010, Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) disputaram a eleição. Marina obteve 19,3% dos votos no primeiro turno; e Dilma, quase 47%. Ela acabaria eleita no segundo turno, tornando-se a primeira mulher presidenta do Brasil. Em 2014, Dilma reelegeu-se disputando a eleição contra Marina (já no PSB) e Luciana Genro (PSOL), além de candidatos homens.
Marina também foi uma das duas candidatas a presidente da eleição de 2018, ao lado de Vera (PSTU). A ambientalista disse, em entrevista ao site de notícias Brasil de Fato (BdF) que é ruim para o país que Tebet seja a única mulher disposta a disputar esta eleição presidencial, até o momento.
— É lamentável porque o mundo tem vivido experiências muito positivas com mulheres no poder nessa crise da covid-19, como com a primeira-ministra da Nova Zelândia (Jacinda Ardern) e com Angela Merkel, ex-primeira-ministra da Alemanha, mostrando a competência e capacidade das mulheres de manejar situações complexas — afirmou Marina Silva (Rede Sustentabilidade), ressaltando que seu lamento não tem a ver com Tebet em si.
Contexto
Marina desconversou ao ser perguntada se ela pretende ser novamente candidata ao Planalto. De toda forma, afirmou que o momento político que o Brasil atravessa, com o crescimento do conservadorismo, atrapalha candidaturas femininas.
— Existe um contexto que faz com que o acolhimento de candidaturas femininas tenha perdido força nessa realidade brutal de hoje — acrescentou.
A professora universitária Karolina Roeder, doutora em Ciência Política, também acredita que a ascensão de figuras como o presidente Jair Bolsonaro (PL) reduziu a participação de mulheres no governo e tirou as chances de elas chegarem à Presidência.
Candidaturas
Roeder lembrou que Dilma, antes de ser presidenta, foi ministra de Minas e Energia e ministra-chefe da Casa Civil durante o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ela, no atual governo, só as ministras Damares Alves (Direitos Humanos) e Tereza Cristina (Agricultura) ocupam cargos com relevância. Ainda assim, mulheres não têm destaque ao se credenciarem a uma disputa presidencial.
— A Simone Tebet aparece como candidata por conta de sua atuação na CPI da Covid. Temos menos figuras em nível máximo no Executivo Nacional, nos ministérios, por exemplo. Esse conservadorismo e a quase inexistência de ministras mulheres também impacta nas poucas candidaturas de mulheres (à Presidência da República) — concluiu.