A conclusão da investigação da Polícia Civil contra o filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aponta que o grupo de Jair Renan criou uma “pessoa fictícia”, com documentos falsos, para conseguir empréstimos em bancos privados.
Por Redação, com agências de notícias - de Brasília
A Polícia Civil do Distrito Federal indiciou Jair Renan Bolsonaro pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro. Agora, o Ministério Público deve analisar as provas coletadas e decidir se denunciará o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro à Justiça.
A conclusão da investigação da Polícia Civil contra o filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aponta que o grupo de Jair Renan criou uma “pessoa fictícia”, com documentos falsos, para conseguir empréstimos em bancos privados.
As provas do inquérito mostram que Maciel Alves, sócio e instrutor de tiro de Renan, e um de seus comparsas fizeram “nascer” a falsa pessoa de Antonio Amancio Alves Mandarrari, cuja identidade sem validade foi usada para abertura de conta bancária e figurar como proprietário de pessoas jurídicas na condição de “laranja”.
De acordo com os investigadores da Delegacia de Repressão a Crimes de Ordem Tributária (DOT), do Departamento de Combate à Corrupção (Decor), o esquema é fruto da existência de uma associação criminosa cuja estratégia era ‘obter indevida vantagem econômica, passa pela inserção de um terceiro’, o “testa de ferro” ou “laranja”, para se ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada ou empresas “fantasmas”, utilizadas por Maciel Alves e Jair Renan Bolsonaro.
A polícia também investiga movimentações financeiras suspeitas entre os investigadores e não descarta o envio de valores para o exterior.
De acordo com o portal G1, o relatório da investigação foi enviado à Justiça do DF no último dia 8. O documento acusa Jair Renan e Maciel Alves, seu ex-instrutor de tiro, de falsificar quatro relações de faturamento da empresa, que pertencia ao filho "zero quatro". A fraude tinha como objetivo demonstrar um faturamento de R$ 4,6 milhões no período de um ano, entre 2021 e 2022, que nunca existiu.
"Conforme demonstram as provas documentais e testemunhais, os suspeitos atuaram reiteradamente, sobrepondo um empréstimo ao outro, obtendo vantagem ilícita valendo-se da mesma maneira de execução", relata a polícia.
Após afastamento do sigilo bancário da empresa, a polícia descobriu que a RB Eventos e Mídia conseguiu um empréstimo de cerca de R$ 250 mil em 8 de março de 2023 e outro de R$ 291 mil em 1º de junho do mesmo ano. Parte do recurso foi, segundo a investigação, utilizada para pagamento de uma fatura de cartão de crédito de Jair Renan no valor de R$ 60 mil.
Jair Renan teria afirmado em depoimento à polícia que não reconhecia suas assinaturas nas declarações de faturamento supostamente falsas. Ainda de acordo com o G1, peritos atestaram que em um dos documentos a assinatura do filho do ex-presidente é autêntica.
Dinheiro do empréstimo
A investigação mostra também que o dinheiro do empréstimo chegou aos suspeitos passando antes por contas ligadas a um "laranja", Antônio Amâncio Alves Mandarrari, que a polícia afirma ser uma pessoa "fictícia".
Também levantou suspeitas da polícia o fato de que a empresa RB Eventos e Mídia foi "doada" por Jair Renan a outro investigado, Marcos Aurélio Rodrigues dos Santos, em 13 de março de 2023, data em que o "zero quatro" deixa o quadro societário.
O G1 entrou em contato com as defesas dos acusados. O advogado de Jair Renan, Admar Gonzaga, afirmou que não vai comentar o indiciamento porque o caso é sigiloso.
O advogado Pedrinho Villard, que defende Maciel Alves de Carvalho, afirmou que seu cliente foi absolvido na Justiça das primeiras acusações, feitas no início de 2023, as quais geraram a investigação atual. A defesa de Marcos Aurélio Rodrigues dos Santos não foi localizada.