Para facilitar o comércio bilateral com o país vizinho, o governo brasileiro também usará o Fundo de Garantia à Exportação (FGE) para garantir linhas de créditos de bancos privados e públicos para que importadores argentinos comprem produtos brasileiros.
Por Redação, com agências internacionais - de Buenos Aires
Os governos do Brasil e da Argentina assinaram um acordo durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Buenos Aires, nesta segunda-feira, durante a Conferência da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), com o objetivo de financiar exportações brasileiras em operações com garantias do país vizinho com liquidez internacional, para tentar reacender o comércio entre os dois países. O acordo prevê a abertura de crédito de bancos brasileiros para importadores argentinos e a criação de um fundo pelo governo brasileiro para garantir o pagamento dos empréstimos.
Nessa operação, segundo a agência inglesa de notícias Reuters, o banco paga diretamente ao exportador brasileiro, com garantia do Tesouro nacional, enquanto o Brasil recebe da Argentina o mesmo valor, depositado em Nova York, de títulos com liquidez internacional.
— Pode ser títulos chineses, pode ser contratos de compra de gás, de trigo. Algo com liquidez internacional que garanta que, no caso de não pagamento pelo importador argentino, o Brasil possa acessar para compensar esse não pagamento — disse uma fonte.
Toda a operação, segundo a fonte, seria feita em reais.
Garantia
Para facilitar o comércio bilateral com o país vizinho, o governo brasileiro também usará o Fundo de Garantia à Exportação (FGE) para garantir linhas de créditos de bancos privados e públicos para que importadores argentinos comprem produtos brasileiros. O documento assinado bilateralmente também inclui a criação de um grupo de trabalho para viabilizar a criação, no médio prazo, de uma moeda comum para as transações comerciais com a Argentina e, em seguida, com os outros países latino-americanos.
As duas medidas fazem parte de uma estratégia de fortalecimento da integração regional com os países da América do Sul, prioridade do presidente Lula anunciada ainda na campanha eleitoral. Qualquer instituição financeira poderá se qualificar para ter acesso às garantias do FGE, fundo vinculado ao Ministério da Fazenda, que tem como finalidade dar cobertura às garantias prestadas pela União nas operações de Seguro de Crédito à Exportação (SCE).
Ainda segundo a fonte, cada uma das operações com a Argentina serão gravadas (marcadas) uma a uma no FGE para o governo brasileiro ter certeza que a Argentina não vai ter acesso aos reais para vender depois a moeda brasileira no mercado secundário e comprar dólares. Os reais obtidos pelo importador argentino com essas operações serão destinados diretamente para o exportador brasileiro.
Real e peso
Ao chegar a Buenos Aires, nesta manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acompanha o presidente Lula em sua viagem, explicou a jornalistas a possibilidade de criação de uma moeda comum. De acordo com o ministro, a nova moeda não implicaria no fim do real nem do peso argentino. O objetivo com a criação da moeda é 'incrementar o comércio'.
Ela seria utilizada exclusivamente em transações comerciais e financeiras com o país vizinho. Haddad afirmou que tem mantido conversas com o ministro da Economia argentino, Sergio Massa.
— Estive com ele (Massa) mais de uma vez conversando e ele está querendo incrementar o comércio que está caindo muito. (A situação do comércio) está muito ruim, e o problema é exatamente a divisa, né? Isso que a gente está quebrando a cabeça para encontrar uma solução. Alguma coisa em comum, alguma coisa que permita a gente incrementar o comércio porque a Argentina é um dos países que compram manufaturados do Brasil e a nossa exportação para cá está caindo — concluiu.