A avaliação entre os ministros da Suprema Corte, ouvidos pela mídia conservadora em condição de anonimato, é que há material comprobatório suficiente para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente uma denúncia formal contra Bolsonaro.
Por Redação – de Brasília
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) consideram “robustas” as provas apresentadas no relatório da Polícia Federal (PF) que resultaram no indiciamento de Jair Bolsonaro (PL). As acusações incluem peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro, relacionadas ao caso das joias.
A avaliação entre os ministros da Suprema Corte, ouvidos pela mídia conservadora em condição de anonimato, é que há material comprobatório suficiente para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente uma denúncia formal contra Bolsonaro, nos próximos dias.
O relatório da PF, com mais de 400 páginas, detalha a existência de uma organização criminosa que teria operado no entorno de Bolsonaro, que furtou joias, relógios, esculturas e outros itens de luxo recebidos como presentes de Estado da Arábia Saudita e Bahrein. A documentação revela, ainda, que relógios das marcas Rolex e Patek Philippe, avaliados em US$ 68 mil (R$ 346.983,60 à época), foram negociados pela empresa Precision Watches.
Investigação
Ministros do STF consideram o material “robusto” e acreditam que há provas claras do envolvimento de Bolsonaro no desvio dos itens de luxo. O relatório foi encaminhado à PGR pelo ministro Alexandre de Moraes, mas o procurador-geral da República, Paulo Gonet, adotou uma abordagem cautelosa e tratará do caso “sem pressa”.
A prudência da PGR também se alinha ao contexto eleitoral, com Gonet indicando que não deseja ser acusado de agir politicamente. Com as eleições municipais em outubro, há uma expectativa de que qualquer denúncia contra Bolsonaro seja feita apenas após o pleito, especialmente se não for apresentada até o início da propaganda eleitoral em 16 de agosto.
Como consequência do inquérito, a Federação Única dos Petroleiros, que tem Deyvid Bacelar como coordenador-geral, emitiu um comunicado nesta quinta-feira em que pede o cancelamento da venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia. A FUP alegou ser necessária a reestatização do empreendimento após o indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) no inquérito das joias.
Mubadala
A Federação lembrou que a refinaria foi vendida por apenas US$1,65 bilhão, para o Fundo Mubadala Capital, de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Estudos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) apontaram que o preço da refinaria ultrapassava os US$ 3 bilhões.
A FUP disse que pretende cobrar do Judiciário mais investigação para saber se existe relação entre as joias recebidas por Bolsonaro e a venda da refinaria.
“Outras 11 pessoas ligadas diretamente a ele durante o seu governo foram indiciadas pela PF por participação no esquema de desvios das joias. É o caso do ex-ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, que recebeu de autoridades árabes um conjunto de abotoaduras, terço, anel e relógio confeccionados em ouro rosé, durante viagem da comitiva presidencial ao Oriente Médio, em outubro de 2021, um mês antes da conclusão da venda da Rlam”, disse a federação, em nota.
Comparsas
Ainda segundo a FUP, ”no dia 30 de novembro de 2021, a Petrobras anunciou a venda da refinaria para o fundo dos Emirados Árabes por US$ 1,65 bilhão, menos da metade do seu valor de mercado”, acrescentou a FUP no comunicado.
Segundo Bacelar, “tudo leva a crer que essa quadrilha pode ter roubado muito mais do que joias”.
— Os milhões envolvidos nesse crime vergonhoso nem chegam perto do prejuízo de bilhões de dólares que a Petrobras e o povo brasileiro amargaram com a privatização da Rlam — concluiu.