Aos 63 anos, o líder do clã Bolsonaro declarou um crescimento na fortuna pessoal em uma década, segundo declaração de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na ordem de 168%, a contar de 2006, quando ocupava uma vaga na Câmara Federal. Seu filho Eduardo, hoje deputado, ficou 432% mais rico em apenas quatro anos.
Por Redação - do Rio de Janeiro
Presidente da República eleito, o capitão da reserva Jair Bolsonaro (PSL) e seus três filhos, o senador Flávio (PSL-RJ), de 37 anos, o vereador Carlos, 36, e o deputado federal Eduardo, 34, tiveram uma sequência próspera nos últimos anos, a ponto de ampliar os bens em escalas muito acima da evolução patrimonial da quase totalidade dos brasileiros. Uma série de denúncias, nos últimos dias, no entanto, colocam em risco o bordão de campanha usado pela família de políticos fluminenses, de luta contra a corrupção.
Aos 63 anos, o líder do clã Bolsonaro declarou um crescimento na fortuna pessoal em uma década, segundo declaração de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na ordem de 168%, a contar de 2006, quando ocupava uma vaga na Câmara Federal. Seu filho Eduardo, hoje deputado, ficou 432% mais rico em apenas quatro anos. E Flávio, eleito senador, multiplicou em 55% o seu patrimônio, desde 2010.
Relatório do Coaf
Embora não tenham esclarecido aos eleitores o caminho percorrido para tamanho sucesso, os três, à exceção de Carlos, que chega agora ao primeiro mandato, disseram a jornalistas que aplicaram no mercado imobiliário, com a compra e venda de casas e apartamentos.
Bolsonaro e seus três filhos declaram a propriedade de 13 imóveis. A preço de mercado de cerca de R$ 15 milhões, a maioria dos imóveis estão situados em pontos altamente valorizados do Rio de Janeiro, como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca. Apesar de inconsistências entre os valores pagos, efetivamente, e aqueles registrados em cartório, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) levanta dúvidas quanto à origem dos lucros.
Flávio Bolsonaro, quem teve maior crescimento patrimonial nos últimos anos, é citado em relatório do Coaf por seu relacionamento com o sargento PM Fabrício Queiroz, sobre as movimentações financeiras entre contas dele e da filha, Nathalia Melo de Queiroz.
Capital seguro
O ex-assessor é pessoa muito próxima à família Bolsonaro, há mais de 12 anos. Ele é citado no documento do Coaf por movimentar, em um ano, R$ 1,2 milhão, sem renda ou patrimônio compatíveis. Entre as pessoas que receberam recursos de Queiroz também está a primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ela descontou um cheque de R$ 24 mil que lhe foi destinado pelo motorista do enteado.
Após 36 horas, desde que o escândalo foi divulgado na mídia conservadora, Bolsonaro explica que os recursos depositados na conta da mulher provinham de um empréstimo de R$ 40 mil a Queiroz, pagos em 10 cheque de R$ 4 mil. Nas redes sociais, porém, “ficou pior a emenda do que o soneto”, opinam internautas.
De posse de um capital seguro, Flávio passou a negociar no mercado imobiliário e, ao longo dos últimos 13 anos, obteve ganhos com 19 imóveis. No patrimônio dos Bolsonaro estão incluídos, ainda, carros que vão de R$ 45 mil a R$ 105 mil, um jet-ski e aplicações financeiras, no total de cerca de R$ 1,7 milhão, de acordo com a Justiça Eleitoral e cartórios do Estado do Rio.
Casa na Barra
Em seu primeiro mandato, no ano de 1988, Bolsonaro declarou às autoridades somente um Fiat Panorama, uma moto de baixa cilindrada e dois lotes de pequeno valor em Resende, no interior do Estado do Rio. Ao todo, o patrimônio da família não passava de R$ 10 mil, em cifras atualizadas. Nem ele ou qualquer de seus filhos, há 30 anos, têm outra ocupação a não ser o exercícios dos respectivos mandatos.
Com duas ex-mulheres e a atual, destinatária dos R$ 24 mil reais depositados por Queiroz, em sua conta pessoal, Bolsonaro teve, ao todo, cinco filhos, entre eles duas mulheres. Os homens, a exemplo do pai, tiveram um enriquecimento acelerado.
Além de responder às questões levantadas na investigação do Coaf e da Polícia Federal, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), casa de Flávio Bolsonaro até janeiro do ano que vem, a família também precisará responder sobre operações financeiras que resultaram na compra da casa em que Bolsonaro vive, atualmente, na Barra da Tijuca.
Negócio suspeito
Pesam indícios de uma operação suspeita de lavagem de dinheiro, segundo os critérios do Coaf (Ministério da Fazenda) e do Conselho Federal dos Corretores de Imóveis (Cofeci), nos processos em curso na Justiça fluminense. A empresa Comunicativa-2003 Eventos, Promoções e Participações adquiriu a casa em setembro de 2008 por R$ 580 mil. Diretora da empresa, Marta Xavier Maia disse a jornalistas que comprou o imóvel em péssimo estado, reformou-o e vendeu-o para o deputado quatro meses depois, com redução de 31%. Ela esclarece que decidiu ter prejuízo porque precisava dos recursos para adquirir outro imóvel.
O Cofeci, contudo, aponta "sérios indícios" de lavagem de dinheiro na operação na qual há "aparente aumento ou diminuição injustificada do valor do imóvel" e "cujo valor em contrato se mostre divergente da base de cálculo do ITBI", imposto pago à prefeitura do Rio. Desde 2014, operações do tipo devem ser comunicadas ao Coaf – a unidade que detecta operações irregulares no sistema financeiro.