Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Bolsonaro tende a forçar um golpe de Estado, em caso de derrota

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Sexta, 06 de Maio de 2022 às 14:15, por: CdB

"Jair Messias Bolsonaro é dado a golpismos, isso se sabe desde que ele era um obscuro deputado vivendo nas sombras limítrofes do baixo clero da Câmara. Basta ler qualquer declaração dele dada nas três décadas em que habitou naquele mundo de rachadinhas", escreveu o articulista.

Por Redação - de São Paulo
Diante do quadro eleitoral em que a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece consolidada, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não se preocupa mais em disfarçar a intenção de permanecer no governo, mesmo que seja por meio de um golpe de Estado. A constatação aparece no artigo publicado, nesta sexta-feira, pelo jornalista Igor Gielow, do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP).
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Mandatário brasileiro, Jair Bolsonaro (PL) tem um viés golpista em sua longa carreira no Parlamento
Segundo Gielow, “que Jair Messias Bolsonaro é dado a golpismos, isso se sabe desde que ele era um obscuro deputado vivendo nas sombras limítrofes do baixo clero da Câmara. Basta ler qualquer declaração dele dada nas três décadas em que habitou naquele mundo de rachadinhas e migalhas do grande butim das lideranças”. “Presidente, o capitão (reformado para evitar a expulsão por indisciplina do Exército) deu sinais crescentes acerca de suas intenções, em especial após o ‘test-drive’ do primeiro ano no cargo. A pandemia e seu embate com os estados acerca do manejo sanitário lhe deram campo fértil para exercitar autoritarismos, ainda que de forma ritmada. Para cada sístole aguda de golpismo, como em 2020 e 2021, vinha uma diástole de composição e cooptação mútua com o antigo establishment de cujas franjas se originou”, afirma.

Golpista

Ainda no artigo, o colunista da FSP lembra que “o resultado mais acabado ocorreu no 7 de Setembro do ano passado, quando ultrapassou as linhas vermelhas todas só para entregar o governo ao centrão e viabilizar sua candidatura no próximo outubro. O elemento militar sempre foi operado de forma simbólica por Bolsonaro, que cercou-se no governo de generais de pijama (quando não fardados, como Eduardo Pazuello) como forma de asseverar um poder que nunca teve integralmente nos serviço ativo das Forças”. “No começo deste ano, uma série de sinalizações externas indicou um descolamento delas dos planos do chefe. Agora, isso mudou ao menos na superfície. A revelação de toda a extensão dos questionamentos do Exército ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostra uma Força a serviço de seu comandante-em-chefe —as questões iniciais indicavam um caráter mais técnico e desautorizavam a ideia golpista, mas agora fica clara a busca de discurso para o bolsonarismo”, acrescentou. Em conversas com oficiais-generais em altos postos, Gielow observou que “a tendência fardada é a de minimizar o episódio e manter o discurso de que ninguém vai apoiar uma escalada autoritária. Pode ser, mas a instrumentalização está colocada de forma clara agora, o que gera dúvidas acerca do comportamento em caso de a violência potencial apontada pelo próprio Exército irromper no pós-pleito”.

Urnas eletrônicas

“A live de Bolsonaro nesta quinta-feira acabou de desenhar o golpe dos sonhos do presidente. Ele disse que seu partido, o PL, irá contratar uma auditoria externa para, em talvez 40 dias, dizer se as urnas eletrônicas são seguras. Isso é uma afronta bizarra ao edifício da eleição, não menos porque dinheiro público será usado para tal empreitada, numa semana que começou com o presidente em atos contra o Supremo”, acrescentou. Segundo o cronista, “é evidente que a espuma servirá para deixar as redes sociais alertas e, assim como caso das "provas" (aspas compulsórias) de que Bolsonaro teria ganho no primeiro turno de 2018 que nunca foram mostradas, quando ela espraiar não haverá substância alguma”. “Chama a atenção a presença ativa do ‘Centrão’ no processo, também. Assim como os militares, a relação de cooptação com o presidente sempre foi de duas mãos. PL, PP e afins sempre trataram a ocupação do governo e a transferência do real poder para o esquema de emendas opacas em curso como uma vitória final. Afinal, ganhe Bolsonaro ou Lula, diz o ditado, o centrão estará com o vencedor ao fim”, conclui.
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