Sábado, 15 de Fevereiro de 2020 às 14:36, por: CdB
Nos últimos cinco meses, o militar, de 43 anos, ex-capitão do Bope do Rio de Janeiro, não fazia questão de se esconder da polícia.
Por Redação - de Brasília e Salvador
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao se referir ao capitão Adriano da Nóbrega, morto domingo passado no interior da Bahia, concorda que se tratou de uma “queima de arquivo”, conforme afirmou aos jornalistas, em entrevista neste sábado. Bolsonaro, no entanto, negou ter qualquer ligação com o grupo criminoso que atua no Estado do Rio.
Nos últimos cinco meses, o militar, de 43 anos, ex-capitão do Bope do Rio de Janeiro, não fazia questão de se esconder da polícia. Ao longo desse tempo, ele circulou por festas e praias da Bahia e de Sergipe, mesmo foragido da Justiça. A quem perguntasse quem era, apresentava-se como “capitão Adriano”.
O miliciano, ligado à família do presidente Bolsonaro foi alvo de uma operação das polícias do Rio e da Bahia, em Esplanada (170 km de Salvador). Nos meses anteriores, participou de competições de vaquejada nos municípios de Lagarto e Itabaiana, em Sergipe, Serrinha e Inhambupe, na Bahia, mesmo diante das câmeras e de grandes públicos.
Dois disparos
Segundo o médico legista Alexandre Silva, responsável pela autópsia do corpo de Adriano, que chefiava o Escritório do Crime, afirmou que ele foi baleado a pelo menos um metro e meio de distância. Foram tiros à queima-roupa, segundo o legista.
De acordo com detalhes divulgados na sede do Departamento de Polícia Técnica (DPT), em Salvador, o corpo do miliciano chegou ao Instituto Médico-Legal de Alagoinhas com os dois pulmões destruídos e o coração dilacerado. Em coletiva, o legista, o diretor do IML, Mário Câmara, e Elson Jefferson Neves da Silva, diretor geral do DPT-BA deram detalhes sobre o estado do cadáver.
Silva explicou que foram dois disparos, um deles "passou por baixo do peito, saiu rasgando o pescoço, e entrou na submandibular. Eu encontrei o projétil na região do pescoço". Já o segundo tiro "foi na região da clavícula. Esse aqui entrou e saiu nas escápulas. Essas foram as lesões provocadas por armas de fogo”.
Lesão na testa
Os peritos disseram que os disparos não podem ter sido feitos a menos de um metro e meio de distância.
— Se você pega um fuzil calibre 762, por exemplo, bota perto da mandíbula, vai ter mandíbula para tudo que é lugar. Assistam ao assassinato de John Kennedy, explodiu a cabeça dele, isso o sujeito (o assassino) lá longe — disse o diretor do IML.
Sobre a lesão "cortocontusa" na testa - corte como se tivesse recebido uma coronhada ou cotovelada - Câmara disse que o machucado foi feito antes de Adriano morrer.
— Foi de forma passiva ou ativa? Não sei. Isso foi antes dele morrer. Ele bateu, provavelmente, em alguma quina — conclui.