Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Bolsonaro morde e assopra, com risco de contágio por coronavírus

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Domingo, 29 de Março de 2020 às 14:25, por: CdB

A posição crítica de Mandetta, na coletiva, veio depois de uma tensa reunião dele com Bolsonaro e outros ministros, na qual o titular da Saúde avisou que não defenderia o isolamento vertical apregoado por Bolsonaro.

Por Redação - de Brasília
Enquanto o presidente da República, Jair Bolsonaro, mordia a opinião pública com cenas explícitas de desrespeito à orientação de seu ministro da Saúde, Henrique Mandetta, para manter o recolhimento e evitar aglomerações; Bolsonaro assoprava a ferida aberta pela entrevista dos médicos que lideram a luta contra a pandemia do coronavírus. Na véspera, Mandetta disse que, apesar dos palpites do chefe, prevalecerá o critério científico, nas decisões da pasta.
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O presidente Bolsonaro irritou uma freguesa que esperava o troco, na barraca da feira que visitou, para testar a popularidade
A posição crítica de Mandetta, na coletiva, veio depois de uma tensa reunião dele com Bolsonaro e outros ministros, na qual o titular da Saúde avisou que não defenderia o isolamento vertical apregoado por Bolsonaro. Ele chegou a pedir que o presidente parasse de minimizar a pandemia de coronavírus, a qual ele se referiu por mais de uma vez como “gripezinha”. Mesmo com a recomendação direta do ministro, que apoia o isolamento horizontal para evitar a disseminação do coronavírus, o Bolsonaro divulgou, neste domingo, um vídeo em que conversa com um vendedor ambulante em Taguatinga, no Distrito Federal, e afirma que o povo quer voltar a trabalhar. — O que eu tenho conversado com o povo aí é que eles querem trabalhar. É o que tenho falado desde o começo, vamos tomar cuidado, quem for maior de 65 fica em casa — disse Bolsonaro, enquanto conversava, a curta distância, com um vendedor de espetinhos que reclamava da necessidade de voltar ao trabalho.

Disseminação

Enquanto o presidente conversava com o ambulante, outras pessoas começaram a se aglomerar no entorno gravando vídeos e tirando fotos. Muitos dos populares também se mostravam favoráveis à necessidade de romper o isolamento e retornar ao trabalho. Evitar aglomerações, assim como isolamento e o distanciamento social, é uma das recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a disseminação do coronavírus, responsável por 114 mortes no país até o sábado. No vídeo, o presidente, que não é médico, voltou a receitar o medicamento hidroxicloroquina como tratamento para o Covid-19, síndrome causada pelo vírus Sars-CoV-2, apesar de Mandetta ter alertado, na véspera, para os riscos do uso indiscriminado do remédio, que pode ser tóxico para determinados órgãos, como o fígado e os olhos. — Aquele remédio hidroxicloroquina está dando certo em tudo que é lugar. Um estudo francês chegou para mim agora. Eu não sou médico não, mas chegou para mim agora — afirmou o presidente sem dar detalhes sobre a que estudo se referia.

Restrição

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi um dos primeiros do país a adotar medidas de restrição à circulação para conter o avanço do coronavírus e a orientação da administração local é para que as pessoas fiquem em casa e saiam apenas em casos de extrema necessidade. Bolsonaro tem criticado governadores e prefeitos pela adoção de medidas de restrição à circulação, e chegou a acusar os gestores locais que as adotam de cometerem um “crime”, de estarem “arrebentando com o Brasil” e de serem “exterminadores de empregos”.
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