Segunda, 19 de Setembro de 2022 às 12:09, por: CdB
“E cercado de apaniguados bancados à custa do erário. Isso apequena o Brasil e viola a lei. Vamos recorrer aos órgãos competentes para que mais essa malandragem seja investigada”, disse o parlamentar, que é um dos coordenadores da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República.
Por Redação - de Brasília
O senador Humberto Costa (PT-PE) anunciou pela sua conta no Twitter, nesta segunda-feira, que a viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Londres para o funeral da rainha Elizabeth II, transformada em campanha eleitoral, será denunciada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Trata-se de “um escândalo Bolsonaro sair do país para fazer campanha no funeral de uma chefe de Estado”, afirmou Costa.
“E cercado de apaniguados bancados à custa do erário. Isso apequena o Brasil e viola a lei. Vamos recorrer aos órgãos competentes para que mais essa malandragem seja investigada”, disse o parlamentar, que é um dos coordenadores da campanha de Lula (PT) à Presidência da República pela coligação Brasil da Esperança”, acrescentou.
Desrespeito
“Não é novidade ver que Bolsonaro não tem respeito pela dor de ninguém nem no momento da morte. Fez isso sobre os cerca de 700 mil cadáveres de brasileiros vítimas da covid. E, agora, promove esse espetáculo dantesco no Reino Unido. Sem contar que essa viagem desnecessária e eleitoreira levou o Estado brasileiro a arcar com mais duas igualmente inúteis: a do vice-presidente da República e a do presidente da Câmara, que foram obrigados a deixar o país, por força da lei”, destacou Costa.
Na manhã deste domingo, da Embaixada brasileira em Londres, Bolsonaro gritou para apoiadores que “nossa bandeira jamais será vermelha” e ainda “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”. Antes de o presidente chegar, eles haviam rezado o Pai Nosso. Os apoiadores causaram agitação nas ruas, contrastando com os dias de respeito e consternação pela morte da rainha Elizabeth no último 8 de setembro.
No local, houve também uma manifestação da ONG de direitos humanos Brazil Matters, que exibiu cartazes com mensagens como “Bolsonaro é uma ameaça ao planeta e à humanidade” e “Parem Bolsonaro pelo futuro do planeta”. Os militantes, cerca de 10 pessoas, foram hostilizados pelos apoiadores do presidente e tiveram de ser protegidos por policiais.
Irritado
Bolsonaro viajou, no sábado, acompanhado por Michelle Bolsonaro, seu filho Eduardo (PL-SP), o assessor Fabio Wajngarten, o pastor Silas Malafaia e o padre Paulo Antônio de Araújo. A comitiva ficou hospedada na Embaixada do Brasil em Londres. No entanto a viagem forçou outras duas, de Hamilton Mourão e do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). Como ambos são candidatos, caso assumissem a Presidência, se tornariam inelegíveis. Assumiu o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Em uma ríspida e breve conversa com repórteres, ainda nesta manhã, Bolsonaro irritou-se ao ser perguntado sobre o uso político e eleitoreiro que fez de sua viagem oficial a Londres.
— Você acha que eu vim aqui fazer política?. Pelo amor de Deus. Não vou te responder, não — retrucou.
Uma repórter, então, perguntou a Bolsonaro se ele havia lido os jornais locais nesta segunda-feira, que destacaram as ações eleitoreiras do brasileiro em solo britânico no momento em que a região está de luto pela morte de sua monarca. Foi o suficiente para que o mandatário encerrasse, de vez, a entrevista.
O tabloide britânico ‘Mail’, por exemplo, afirmou que Bolsonaro "ganhar pontos antes das eleições" com sua viagem. Já o vetusto diário inglês ‘The Guardian’ foi ainda mais objetivo. "Bolsonaro usa visita para funeral da rainha como ‘palanque eleitoral”, resumiu.