Depois de humilhar o Congresso com a ameaça de uma ditadura, alvo de manifestações que ele convoca para o próximo dia 15, Bolsonaro afirmou que o surto de coronavírus, responsável pela morte de mais de 4 mil pessoas, “não é o que se propaga”.
Por Redação, com agências de notícias - de Brasília e Miami, FL-EUA
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estica as cordas, mais uma vez, na desafinada orquestra de denúncias e ameaças à democracia e à saúda da população brasileira. Nesta terça-feira, voltou a denunciar uma fraude nas eleições presidenciais de 2018 e a desdenhar da disseminação, em nível mundial, do SARS-CoV-2, o coronavírus responsável pela infecção Covid-19, uma doença que atinge o trato respiratório dos pacientes.
Depois de humilhar o Congresso com a ameaça de uma ditadura, alvo de manifestações que ele convoca para o próximo dia 15, Bolsonaro afirmou que o surto de coronavírus, responsável pela morte de mais de 4 mil pessoas, “não é o que se propaga”. Esse foi o argumento que usou para minimizar a turbulência ocorrida, na véspera, nos mercados financeiros internacionais. Esses problemas nas bolsas de valores, diz ele, acontecem “esporadicamente”.
Para o mandatário neofascista, de acordo com discurso proferido na abertura de uma conferência sobre as relações entre Brasil e Estados Unidos, na capital do Estado da Flórida, o que aconteceu nos mercados não representa uma grave crise.
— Temos no momento uma pequena crise, na minha opinião muito mais fantasia — afirmou.
Fraude eleitoral
Bolsonaro também disse que ouviu do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ele está pronto para buscar uma forma de livre comércio com o Brasil. Segundo o presidente brasileiro, a aprovação de reformas econômicas pelo Congresso abrirá caminho para o Brasil buscar o livre comércio.
— O Brasil está de portas abertas para que a parceria com os EUA se torne cada vez mais forte — continuou.
Na noite passada, Jair Bolsonaro já havia deixado um mau cheiro no ar, ao dizer que foi vítima de fraude eleitoral em 2018, acrescentando ter provas, que não foram apresentadas. Sua declaração foi mal recebida nos meios jurídico e político brasileiro, nesta manhã. No encontro com bolsonaristas, o político de ultradireita afirmou ter provas de que foi vítima de fraude eleitoral em 2018, quando ganhou em segundo turno as eleições presidenciais contra o candidato do PT, Fernando Haddad.
— Eu acredito que, pelas provas que tenho nas minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu fui eleito em primeiro turno, mas, no meu entender, houve fraude, tá? E nós temos não apenas uma palavra, nós temos comprovado e brevemente quero mostrar, porque nós precisamos aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos — declarou.
Eleitores mortos
As provas não foram apresentadas durante o discurso de 30 minutos e Jair Bolsonaro decidiu não responder às perguntas de jornalistas sobre a "fraude eleitoral" após o evento, repleto de críticas contra o Congresso, a imprensa e a Justiça Eleitoral. A declaração explosiva repercute, até agora, nas redes sociais, com eleitores posicionando-se contra e a favor do presidente do Brasil.
“Há quem acredite que Supremo Tribunal Federal (STF) e Congresso tenham deixado Jair Bolsonaro ganhar por medo de ‘revolta”, publicou um dos seguidores do presidente. Outro bolsonarista se referiu à democracia como "Nhonhocracia" e disse que os contrários ao presidente com certeza pedirão invalidação das eleições presidenciais de 2018.
A denúncia de Bolsonaro contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acontece apenas dois dias depois que o Tribunal localizou assinaturas de eleitores mortos na lista de apoios apresentada pelo Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta criar, até agora, sem sucesso.
A primeira vez que Jair Bolsonaro lançou a suspeita de que teria sido vítima de fraude eleitoral foi em outubro de 2018. Ainda candidato do PSL, Bolsonaro afirmou que só não venceu Fernando Haddad (PT) no primeiro turno por causa de fraudes nas urnas eletrônicas. A hashtag #FoiNoPrimeiroTurno já possui mais de 35 mil tweets, ocupando o quinto lugar dos assuntos mais comentados desta terça-feira, no Twitter.