Nas buscas, agentes federais prenderam ex-assessores do ex-presidente e cumpriram mandados de busca e apreensão contra ex-ministros. Bolsonaro foi obrigado a entregar o passaporte, o que o impede de deixar o país no caso de uma possível tentativa de fuga.
Por Redação - de Brasília
A Polícia Federal (PF) intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a prestar depoimento na próxima quinta-feira. Bolsonaro é suspeito de atuar como principal líder na trama golpista para mantê-lo no poder, após a eleição do presidente Lula (PT), no âmbito da operação Tempus Veritatis para investigar o golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro.
Nas buscas, agentes federais prenderam ex-assessores do ex-presidente e cumpriram mandados de busca e apreensão contra ex-ministros. Bolsonaro foi obrigado a entregar o passaporte, o que o impede de deixar o país no caso de uma possível tentativa de fuga.
Ministro Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes autorizou a operação que está "comprovada a materialidade" dos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e de tentativa de golpe de Estado.
Investigações
Moraes repercute o fato de que Bolsonaro teve acesso e pediu modificações em uma minuta do golpe que lhe teria sido apresentada pelo ex-assessor Filipe Martins, preso na operação da PF.
"Os elementos informativos colhidos revelaram que Jair Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto apresentado por Filipe Martins [então seu assessor] e Amauri Feres Saad para executar um golpe de Estado, detalhando supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo”, escreveu o magistrado.
As mensagens interceptadas pela PF revelam, segundo Moraes, que em novembro de 2022 Bolsonaro abandonou a ideia de aceitar a derrota nas urnas para "analisar a possibilidade de 'virada de jogo', como defendido por alguns militares, empresários e integrantes de seu governo”.
Minuta
Nas apreensões realizadas na sede do PL, os policiais encontraram, no gabinete de Bolsonaro, um documento não assinado com justificativa para a decretação de estado de sítio no país.
"Afinal, diante de todo o exposto, e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o estado de Sítio (sic) e, como ato contínuo, decreto operação de garantia da lei e da ordem", diz a minuta. O documento é similar a outro, encontrado no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, ainda em 2023.
Bolsonaro, segundo a defesa, desconhecia o conteúdo das minutas encontradas no aparelho de Cid e pediu aos advogados que as encaminhassem para seu aparelho.