Rio de Janeiro, 26 de Dezembro de 2024

Bolsonaro se cala diante escrivão da PF em dia de depoimentos dos golpistas

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Quinta, 22 de Fevereiro de 2024 às 14:19, por: CdB

Os depoimentos fazem parte da Operação Tempus Veritatis (Tempo ou Hora da Verdade, em latim), deflagrada no último dia 8. A ação, que teve como alvos o ex-presidente e seus ex-ministros militares e ex-assessores, investiga suspeitas de formação de uma organização criminosa.


Por Redação, com RBA e Poder360 - de Brasília


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 10 alvos da operação que investiga uma suposta tentativa de golpe para mantê-lo no poder, prestaram depoimento à Polícia Federal, nesta quinta-feira. Durante depoimento, Bolsonaro ficou calado diante escrivão da Polícia Federal. As oitivas ocorreram de forma simultânea, no início desta tarde, na sede da PF, em Brasília. A estratégia foi evitar que os investigados combinem versões.




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Na foto, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro

Além de Bolsonaro, foram ouvidos seus ex-ministros, os generais Augusto Heleno e Braga Netto, Anderson Torres, Mário Fernandes e Paulo Sérgio Nogueira. Assim como o ex-assessor Tércio Arnaud e os militares Marcelo Costa Câmara, Almir Garnier, Cleverson Ney Magalhães, Bernardo Ferreira de Araújo Júnior e Ronald Ferreira de Araújo Junior. O presidente do PL, partido de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, também depõe hoje.


Os depoimentos fazem parte da Operação Tempus Veritatis (Tempo ou Hora da Verdade, em latim), deflagrada no último dia 8. A ação, que teve como alvos o ex-presidente e seus ex-ministros militares e ex-assessores, investiga suspeitas de formação de uma organização criminosa que, de acordo com a PF, atuou na tentativa de golpe de Estado, com abolição do Estado democrático de direito para invalidar as eleições de 2022.



Trama golpista


As suspeitas estão baseadas em documentos que mostram que Bolsonaro “analisou e alterou” uma minuta de decreto que determinava o rompimento constitucional. Os agentes encontraram em seu gabinete, na sede do seu partido, em Brasília, uma minuta com conteúdo golpista que ele teria editado. Nela anunciaria a decretação de um estado de sítio. E também a imposição da operação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO).


A trama golpista também ficou evidente em uma reunião ministerial em julho de 2022, que mostra Bolsonaro apressando seus ministros a tomar providências e de não esperar pelo resultado da eleição, em outubro daquele ano, para só então agir. A gravação, que foi apreendida no computador do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, colocou o ex-presidente no centro das investigações.


Isso porque, segundo a fala do então presidente mostrada no vídeo, de julho de 2022, fica evidente que ele convocava ministros para discutir ações para se manter no poder. Tanto que em dado momento da reunião se falava em acionar um “plano B”. Além disso, o general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), defende uma “virada de mesa” logo, ainda antes do resultado das eleições, já que as pesquisas mostravam vantagem do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).



Moraes nega adiamento a Bolsonaro


Os advogados do ex-presidente afirmam, no entanto, que Bolsonaro nunca pensou em golpe. A defesa já informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ele irá permanecer em silêncio durante o depoimento, sob a alegação de que não tiveram acesso ao conteúdo das investigações. A argumentação foi apresentada no início da semana com um pedido para que o depoimento fosse adiado.


No mesmo dia, o ministro do STF Alexandre de Moraes decidiu que Bolsonaro não poderia escolher a data e o horário de seu depoimento por já ter acesso ao conteúdo dos celulares apreendidos pela operação da PF.



Orientado por seu advogado


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que só falaria durante depoimento na PF sobre a suposta tentativa de golpe de Estado se fosse orientado por seu advogado de defesa, “de acordo com o que ele tiver acesso aos autos” do processo.


– O assunto é o golpe de estado via estado de sítio. Eu só vou falar se o advogado me orientar (…) de acordo com o que ele tiver acesso aos autos. Pelo processo legal eu preciso saber do que estou sendo acusado. Eu tenho que ter acesso. Eu não, os advogados precisam ter acesso ao processo. Só isso – disse em entrevista ao Blog do Esmael.


Bolsonaro afirmou ser vítima de perseguição do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assim como de “outros setores”, mas não especificou quais. Também falou que “não há golpe” por declarar estado de sítio, pois a decisão precisa de aval do Congresso Nacional.


– É o tempo todo perseguindo um ex-presidente que você não viu corrupção em nosso governo, dinheiro escondido em lugar nenhum, não tem conta no exterior. Apesar da covid-19 e da guerra lá fora, nós sobrevivemos. Não tivemos perda de empregos. O Brasil voltou a viver, como dizia a equipe econômica. Fizemos a nossa parte – declarou.


O ex-presidente ainda disse que durante a transição de governo, “ninguém reclamou” e que tudo foi feito de forma pacífica. Falou que não tinha a obrigação de passar a faixa presidencial para Lula em 1º de janeiro de 2023 e, por isso, decidiu ir para os Estados Unidos antes da cerimônia. Por fim, intitulou o episódio do 8 de Janeiro como “lamentável”.




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