Bolsa recua e dólar sobe frente o real, em dia de tensão no exterior
Em declarações mistas, Trump repetiu que os negociadores dos EUA e chineses estão “próximos” de uma “fase um” de um acordo comercial, mas também afirmou que aumentaria as tarifas dos produtos chineses “substancialmente” se não chegassem a um consenso.
Em declarações mistas, Trump repetiu que os negociadores dos EUA e chineses estão “próximos” de uma “fase um” de um acordo comercial, mas também afirmou que aumentaria as tarifas dos produtos chineses “substancialmente” se não chegassem a um consenso.
Por Redação - de São Paulo
O Ibovespa recuava novamente nesta quarta-feira, em linha com o desempenho dos mercados de ações internacionais, que analisava com cautela os sinais sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China dados pelo presidente Donald Trump, em discurso na véspera.
Neste pregão, o dólar futuro de maior liquidez subia nesta quarta-feira
Às 12h53, o Ibovespa caía 0,9%, a 105.787,80 pontos. O volume financeiro somava R$ 5,889 bilhões. Na véspera, o índice havia caído 1,5%, descolado das bolsas em Wall Street, em movimento atribuído ao clima ruim na América Latina.
Em declarações mistas, Trump repetiu que os negociadores dos EUA e chineses estão “próximos” de uma “fase um” de um acordo comercial, mas também afirmou que aumentaria as tarifas dos produtos chineses “substancialmente” se não chegassem a um consenso.
Além disso, Trump também “não comentou o adiamento, por seis meses, da imposição de tarifas sobre carros europeus”, que era muito aguardado por investidores, segundo analistas da Terra Investimentos.
No cenário doméstico, dados do varejo indicaram sinais de recuperação no setor, que registrou o melhor resultado para setembro em dez anos, quadro que poderia beneficiar empresas do segmento de consumo.
Dólar sobe
Após sinais conflitantes do presidente norte-americano Donald Trump sobre o estágio das negociações comerciais entre Estados Unidos e China, o dólar avançava contra o real nesta quarta-feira, em meio à incerteza política no Brasil e em outros países da América Latina. Às 10h23, o dólar avançava 0,35%, a R$ 4,1815 na venda.
Na terça-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,58%, a R$ 4,1669, fortalecido pela aversão a risco nos mercados da América Latina.
O dólar futuro de maior liquidez operava em alta de 0,29% nesta sessão, a 4,186 reais.
Esta sessão era marcada ainda pela decepção dos investidores em relação a um discurso de Trump na véspera, que era alvo de expectativas de detalhes sobre a assinatura de um acordo para resolver a guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Tarifas
Trump não ofereceu novos detalhes sobre as negociações com a China, e disse que aumentará “substancialmente” as tarifas sobre produtos chineses se o país asiático não fizer um acordo com os EUA.
— Há um fator mais externo, com um clima mais cauteloso depois das declarações recentes de Trump, que esfriaram o otimismo sobre um acordo mais encaminhado entre Estados Unidos e China. Internamente, também há ruídos políticos interferindo no dólar, colocando a moeda em alta contra o real — explicou Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.
Na terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a deputados do PSL que deixará o partido e pretende criar uma nova legenda até março de 2020, a Aliança pelo Brasil, para onde pretende migrar acompanhado dos filhos e de parlamentares que o apoiam.
Risco
A incerteza política também era agravada pela soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deixou na semana passada a sede da Polícia Federal em Curitiba - onde estava preso desde abril do ano passado - após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de derrubar a prisão após condenação em segunda instância.
A América Latina era marcada pela agitação política nesta semana, o que deixava a maioria das moedas emergentes em queda contra o dólar, devido à maior aversão ao risco. O peso chileno liderava as perdas, recuando quase 2% contra a divisa norte-americana em meio aos protestos que varrem o país há quase um mês.
Segundo Campos Neto, “o fator Chile pesa sobre as moedas da região”, o que explica parte do comportamento do dólar contra o real.