A proposta do debate, segundo o mediador, o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, foi discutir formas de enfrentamento ao governo “protofascista e negacionista” e “pontos mínimos de unidade para enfrentar o fascismo”.
Por Redação - do Rio de Janeiro
Deputada federal, a fundadora do PT e ex-governadora do Estado do Rio de Janeiro Benedita da Silva (PT-RJ) voltou a defender a necessidade de união dos setores democráticos a abertura de um canal de diálogo com a população para enfrentar o governo extremista de Jair Bolsonaro. Durante entrevista na série on-line República e Democracia: o futuro não espera, transmitida na noite passada pela agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA), Benedita reforçou que a centro-esquerda precisa conversar com movimentos sociais e também com a população não politizada.
— Deixamos de dialogar com o povo, que foi catequizado e foi para a direita extremada”, disse Benedita, em referência à cooptação, pelas igrejas evangélicas, da população, especialmente a das regiões periféricas urbanas. “Precisamos chegar a essas pessoas. A direita extremada se aproximou e ofereceu o que as pessoas estavam procurando. Encontraram respaldo, mas os chefes estavam trabalhando numa concepção de ocupação de poder — afirmou a também ex-senadora petista.
Candidaturas
A proposta do debate, segundo o mediador, o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, foi discutir formas de enfrentamento ao governo “protofascista e negacionista” e “pontos mínimos de unidade para enfrentar o fascismo”.
Segundo Benedita, é preciso procurar, além da população evangélica, os católicos e fiéis de outras religiões. Além disso, ela defendeu diálogo com representantes da esquerda e da centro esquerda.
— Não tem salvação se não tiver unidade. Precisamos estar juntos — pontuou.
A parlamentar, porém, não se opõe à movimentação da esquerda no sentido de pré-lançar candidatos para 2022.
— As candidaturas colocadas até agora não vão inviabilizar um encontro mais adiante. Não podemos deixar Bolsonaro (sozinho) na raia da sucessão. O sucateamento e a crise social estão acelerados — opinou.
Organizar
Na avaliação da parlamentar, o desafio é difícil e grave, diante de um projeto neoliberal que tem como objetivo “um Estado menor”, quando o país precisa do oposto, “o Estado estimulando a economia”.
— Vivemos o caos do desemprego no ápice, famílias inteiras no meio da rua, trabalho com relação precária, inflação aumentando — pontuou.
Segundo ela, o país hoje passa por um processo em que os negros estão sendo novamente levados “à senzala”.
— Estamos vivendo um trabalho escravocrata no país. A trabalhadora doméstica, que a Dilma regulamentou, é o símbolo do trabalho escravo no Brasil. Temos muito sinhôzinho no país. Nossa narrativa precisa de aproximar dessas pessoas, para organizar essas pessoas — concluiu.