As montadoras chinesas não venderam um carro sequer na Noruega em 2019; mas neste ano, até agora, conquistaram 11% de participação de mercado. Marcas como MG, BYD e Xpeng são vistas com frequência nas ruas norueguesas.
Por Redação, com FT – de Oslo
Se a Europa quiser ver como os fabricantes chineses podem afetar sua indústria automobilística tão importante, basta olhar para a Noruega. Até o mês passado, 94% dos carros vendidos no país nórdico em outubro eram elétricos, colocando-o no caminho para atingir a meta de nenhum veículo de passageiros movido a combustíveis fósseis, no ano que vem.
As montadoras chinesas não venderam um carro sequer na Noruega em 2019; mas neste ano, até agora, conquistaram 11% de participação de mercado. Marcas como MG, BYD e Xpeng são vistas com frequência nas ruas norueguesas.
Talvez o mais revelador seja que a principal rua comercial de Oslo, Karl Johans Gate, tenha apenas uma concessionária de carros: a Nio, uma marca chinesa relativamente nova. Logo ali perto, embaixo do escritório nórdico do diário britânico Financial Times, uma imobiliária de luxo foi substituída pela elegante sala de exposições da Voyah, repleta de arte moderna.
Ambiente
É difícil exagerar a importância da indústria automobilística europeia, seja em termos econômicos ou em valor simbólico. Emprega mais de 13 milhões no continente, direta ou indiretamente, e representa um em cada 10 empregos na indústria de transformação. É igualmente difícil subestimar o pessimismo no setor no momento.
Em meio aos avisos de lucro emitidos pelas montadoras europeias, tabus têm sido ameaçados em todos os lugares, desde a Volkswagen planejando o primeiro fechamento de fábrica em sua terra natal da Alemanha, em 87 anos, até a mais antiga fábrica de carros da Europa em Turim sendo fechada por grandes partes do ano.
Mas assim como os fabricantes europeus, prejudicados pela transição para veículos elétricos, as montadoras chinesas (e a norte-americana Tesla) prosperam.
— Eu olhei para a VW, Toyota, Volvo, mas acho que os chineses têm melhor tecnologia, parecem mais legais — resumiu Ivar, um potencial cliente parado na calçada da concessionária da Nio, no Centro da capital norueguesa. Ele acrescentou que as telas sensíveis ao toque tão cruciais para carros elétricos são muito mais elegantes nos modelos chineses do que, por exemplo, nos da VW.