Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Atos pró-Palestina se fortalecem em universidades nos EUA

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Segunda, 29 de Abril de 2024 às 12:10, por: CdB

Apesar da crescente repressão por parte da administração universitária e da intervenção policial, novos acampamentos de protestos continuam a surgir, demonstrando a solidariedade e o compromisso dos estudantes com a causa palestina.


Por Redação, com CartaCapital - de Washington


Os protestos, liderados por estudantes, começaram em Columbia e se espalharam por todo o país. Os estudantes buscam pressionar as universidades a condenar as ações militares de Israel em Gaza e a desinvestir em empresas israelenses.




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Universidades dos EUA entram na terceira semana de protestos contra ação de Israel

Apesar da crescente repressão por parte da administração universitária e da intervenção policial, novos acampamentos de protestos continuam a surgir, demonstrando a solidariedade e o compromisso dos estudantes com a causa palestina. Mais de 40 universidades americanas que aderiram ao movimento que começa a se espalhar pela Europa.


Em um gesto de agradecimento, os habitantes de Rafah, em Gaza, escreveram mensagens em suas tendas no último dia 27 de abril, reconhecendo o esforço desses estudantes para visibilizar seu sofrimento. “Gratidão dos Deslocados de Rafah aos Estudantes Americanos”, dizia uma das mensagens.



Tensão em Los Angeles durante o final de semana


Em Los Angeles, na Universidade da Califórnia (UCLA), a tensão entre manifestantes e contra-manifestantes intensificou-se significativamente no domingo. O campus, que já abrigava um acampamento de protesto que cresceu ao longo da semana, tornou-se palco de confrontos físicos e verbais ao meio-dia, envolvendo empurrões, gritos e trocas de socos entre os grupos.


Em resposta à escalada de violência, o departamento de polícia do campus da UCLA ampliou a presença policial na área, embora a polícia municipal não tenha participado da intervenção. Um porta-voz da polícia do campus informou que, apesar do caos, nenhuma prisão foi efetuada durante os confrontos.


Os incidentes na UCLA ocorrem em um contexto mais amplo de protestos estudantis que têm levado à intervenção policial em várias universidades.


Violentos confrontos e prisões caracterizaram as manifestações ocorridas na última quarta-feira na Universidade do Sul da Califórnia e na Universidade do Texas, em Austin.


Os eventos resultaram em um impacto significativo, especialmente na Universidade do Sul da Califórnia, que se viu forçada a cancelar sua principal cerimônia de formatura. Este cancelamento representou um duro golpe para os estudantes, muitos dos quais iniciaram seus estudos durante o isolamento imposto pela pandemia de covid-19.


Protestos semelhantes também aconteceram no norte da Califórnia, com marchas e acampamentos de protesto organizados na Universidade da Califórnia em Berkeley e na Cal Poly Humboldt.


Em Atlanta, na Emory University, onde a polícia supostamente usou balas de borracha e gás lacrimogêneo contra os manifestantes, a escalada de quinta-feira levou à prisão de Noëlle McAfee, presidente do departamento de filosofia, após tentar defender um estudante pró-Palestina.


A detenção da professora foi registrada em vídeo e divulgada nas redes sociais e meios de comunicação do país.


– Quando vi aquele jovem sendo espancado. Foi horrível. Parecia que durava uma eternidade – disse, descrevendo a cena que a levou a intervir.



Primeiras detenções


Na Universidade de Columbia, apenas uma semana antes, 108 estudantes foram detidos a pedido da administração para desmontar os acampamentos.


Em outro evento, 47 estudantes foram presos na Universidade Yale por bloquear o tráfego e invadir propriedade privada. No mesmo dia, a Universidade de Nova York também viu ações policiais, com a detenção de vários manifestantes e a desmontagem de acampamentos, enquanto partes dos edifícios foram isoladas com tapumes.


Esses protestos destacam a crescente tensão nos campi universitários em todo o país, conforme estudantes e autoridades colidem sobre questões de protestos e liberdade de expressão.



Consequências da presença policial no campus


A presidência da Columbia, Minouche Shafik está sob escrutínio desde que ela decidiu convocar a Polícia de Nova York para desmantelar o acampamento no campus, o que resultou na prisão de mais de 100 estudantes que se manifestaram.


Uma proposta lançada recentemente para censurar Shafik não obteve sucesso. No entanto, uma resolução exigindo que ela seja investigada foi aprovada com 62 votos favoráveis contra 14 na última sexta-feira, conforme reportado pelo jornal The New York Times.


Após uma deliberação que durou duas horas, uma comissão universitária, composta majoritariamente por professores e funcionários, além de alguns representantes estudantis, votou a favor de uma resolução que acusa a administração de Shafik de ignorar a liberdade acadêmica. Segundo a comissão, ela teria desconsiderado o direito à privacidade e a um devido processo legal por parte de estudantes e membros do corpo docente.


Este incidente marca um ponto de tensão significativo na universidade, refletindo preocupações crescentes sobre a gestão da liberdade de expressão e os direitos dos estudantes em contextos acadêmicos.



Campus como cenário de disputa política


O campus da Universidade Columbia transformou-se recentemente em um epicentro de atividades políticas. Na quarta-feira passada, o líder da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, realizou uma coletiva de imprensa no local, durante a qual pediu a renúncia da presidente da universidade.


Além disso, Johnson sugeriu que o presidente Biden convocasse a Guarda Nacional para conter as manifestações, proposta à qual a Casa Branca respondeu através da secretária de imprensa, Karine Jean-Pierre. Ela declarou que a decisão de acionar a Guarda Nacional cabe aos governadores e lembrou que o presidente já havia expressado críticas a aspectos dos protestos, especialmente aqueles com conotações antissemitas.


O campus também recebeu a visita da deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez na sexta-feira, que demonstrou apoio aos manifestantes.


Em um gesto de solidariedade similar, a deputada Ilhan Omar, de Minnesota, visitou o campus para acompanhar sua filha, uma estudante de Columbia que foi detida e suspensa durante a recente repressão policial. Ilhan Omar compartilhou em sua conta no X, anteriormente conhecido como Twitter, sua admiração pela “bravura e coragem” dos ativistas estudantis, afirmando ter sido uma honra testemunhar o acampamento anti-guerra.


Os visitantes do campus, incluindo legisladores, destacaram que os estudantes estão engajados em uma tradição de ativismo universitário de longa data, defendendo que seus direitos de liberdade de expressão estão sendo ameaçados. Eles ressaltaram que os incidentes isolados de antissemitismo não representam o movimento mais amplo, que inclui muitos jovens judeus progressistas.


Por fim, o deputado democrata do Texas, Greg Casar, visitou a Universidade do Texas para expressar sua solidariedade, traçando um paralelo entre o ativismo dos estudantes atuais e os movimentos históricos de oposição às guerras do Vietnã e do Iraque.



Protestos começam a surgir em Universidades europeias


Na última sexta-feira, dezenas de estudantes da University College London (UCL) se manifestaram com cartazes que acusavam a universidade de ser “cúmplice de genocídio” e exigiam que a instituição se “desvinculasse da morte”.


Simultaneamente, na prestigiada Sciences Po em Paris, as tensões escalaram quando manifestantes pró-Israel confrontaram estudantes pró-palestinos que haviam ocupado um dos edifícios da universidade desde a noite anterior. A polícia foi chamada para manter os grupos separados.




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