Consagrar os saberes populares, enaltecer as periferias e defender o mesmo arroz e feijão simbólico para as populações das margens excluídas socialmente das cidades é um atestado de permanência nas relações de exploração e opressão. Se considerarmos que o espaço urbano é produzido a partir da lógica desigual de produção.
Por Alexandre Lucas – de Brasília
Consagrar os saberes populares, enaltecer as periferias e defender o mesmo arroz e feijão simbólico para as populações das margens excluídas socialmente das cidades é um atestado de permanência nas relações de exploração e opressão. Se considerarmos que o espaço urbano é produzido a partir da lógica desigual de produção, concentração e circulação do capital, o que inevitavelmente produz estratificação social e espacial, podemos concluir que para reverter essa situação se faz necessário romper com essa estrutura e combater essa permanência.Diversas manifestações culturais
Diversas manifestações culturais, artísticas e esportivas de caráter popular já estão em áreas marginalizadas, como é o caso dos grupos de capoeira, quadrilhas juninas, hip hop, artesanato, futebol, grupos da tradição popular e uma infinidade de outras práticas, essas ações devem continuar acontecendo e serem fomentadas, porém, não como únicas alternativas. Capoeiristas, rappers, brincantes, artesãos e toda a população oriunda da classe trabalhadora deve ter o direito de sonhar e acessar o doutorado, de ocupar os espaços de dirigentes de Estado e de partilhar de forma justa da economia que é produzida. A nossa luta é contra a existência de periferias para a classe trabalhadora, onde os espaços de poder são periféricos e a democratização da sociedade é restrita. Ser antiperiférico é compor a agenda pelo direito à cidade, é reconfigurar a função do popular e redimensionar a luta anticapitalista de caráter classista.Alexandre Lucas, é pedagogo, integrante do Coletivo Camaradas e presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais do Crato/Ceará.
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