A queda vertiginosa nas pesquisas de opinião mais recentes mostra que apenas um contingente de 15% dos eleitores permanece favorável à permanência do premiê no cargo.
Por Redação, com agências internacionais - de Lisboa, Londres e Tel Aviv
Atual líder da oposição, em Israel, o jornalista Yair Lapid criticou, na madrugada deste domingo, a forma como a polícia lidou com um protesto que pedia eleições antecipadas no país e um acordo para a libertação de reféns em Gaza. O ataque à população israelita que pede seu afastamento do cargo tem sido vista, até nos EUA — principal e um dos únicos apoiadores do regime de Tel Aviv no mundo, atualmente —, como um ato desesperado do premiê Benjamin Netanyahu na tentativa de permanecer à frente do governo.
— A violência policial desta tarde (de sábado) contra os manifestantes, incluindo as famílias dos reféns, é perigosa, antidemocrática e não pode continuar — protestou Lapid na rede social X (antigo Twitter).
O líder político israelense afirmou, ainda, que "protestar é um direito fundamental" e acrescentou que "não se pode lidar com manifestantes usando cassetetes e canhões de água”.
Culpado
Milhares de manifestantes concentraram-se, na véspera, em frente ao quartel de Kirya, em Tel Aviv, no protesto em que também foi exigida a demissão do primeiro-ministro. A manifestação respeitou um minuto de silêncio em memória dos mais de 500 militares mortos na guerra contra os palestinos, desde 7 de outubro.
Participou também do protesto o ex-ministro da Defesa Moshe Yaalon, que atribuiu ao presidente israelita as responsabilidades pelo ataque do Hamas em 7 de outubro.
— A responsabilidade dos chefes da Defesa é clara (...), mas o senhor Netanyahu é responsável, e também é culpado — apontou Yaalon.
Em queda
Para o jornalista Miguel Santos Carrapatoso, editor adjunto de Política do site de notícias português ‘O Observador’, a queda vertiginosa nas pesquisas de opinião mais recentes mostra que apenas um contingente de 15% dos eleitores permanece favorável à permanência do premiê no cargo; além de fortalecer a tese de que Netanyahu está com os dias contados.
“As críticas de colegas de governo e um diferendo com os generais sobre a invasão fazem dele um primeiro-ministro a prazo — e nem as famílias dos reféns estão com ele. Em tempos chamaram-lhe ‘Rei de Israel’. Agora, porém, tudo mudou: o ataque do Hamas de 7 de outubro, que provocou a morte a mais de mil pessoas e resultou no rapto de mais de 200 israelitas, foi uma hecatombe com duras consequências políticas, cuja verdadeira dimensão ainda está por medir”, escreveu o editor.
Berlinda
Outro estudo, divulgado no início do mês pelo Instituto de Democracia de Israel (IDI), revela contudo que 56% ainda acreditam que a ofensiva militar é o melhor meio para libertar os israelenses detidos, enquanto 24% enxergam que o melhor caminho seria a troca de reféns, como já ocorreu por um curto período de trégua. Ainda estão aprisionados em Gaza cerca de 129 pessoas, sendo que mais de 100 já foram libertadas pelo Hamas, em acordos anteriores.
Estes sinais revelam o enfraquecimento da gestão Netanyahu e mostram que o primeiro-ministro segue na berlinda com queda na popularidade em consequência do avançar da guerra, na qual ele disse que ainda levará muitos meses para terminar – o que traz preocupação quanto a um prolongamento dos ataques como forma de se manter no poder, uma vez que a sociedade clama pela troca de comando.
Os ataques de Israel a Gaza já vitimaram 29 mil palestinos, entre eles mais de 10 mil crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.