Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Alta nos preços da carne já impacta nos índices de inflação

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Segunda, 25 de Novembro de 2019 às 12:24, por: CdB

A arroba do boi gordo, que equivale a 15 quilos da carne, terminou a última semana em preços recordes por todo o país, avaliada na mediana de R$ 193. O aumento na exportação de carne e seus derivados para a China, segundo apontam os analistas ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil.

 
Por Redação - de Brasília e São Paulo
  O repentino aumento nos preços da carne bovina já influenciam os índices macroeconômicos para este final de ano, segundo constata pesquisa do Banco Central com uma centena de economistas, das maiores instituições bancárias do país.
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O preço da carne deixa o churrasco mais caro até o início do ano que vem, calculam economistas
A arroba do boi gordo, que equivale a 15 quilos da carne, terminou a última semana em preços recordes por todo o país, avaliada na mediana de R$ 193. O aumento na exportação de carne e seus derivados para a China, segundo apontam os analistas ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, estaria na raiz da elevação nos preços da commodity. Atualmente, uma centena de estabelecimentos processadores de proteína animal no Brasil estão autorizados a exportar para a China. Segundo o professor de Economia Internacional do Ibmec-SP Roberto Dumas, entre agosto de 2018 e 2019, o país asiático aumentou em 54% a importação de carne bovina; em 40%, de suína; e em 48%, de frango. Em contrapartida, houve redução de 16% na exportação de farelo de soja, usado para alimentar porcos. Demanda Conforme constatou o presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Estado do Rio (BGA), Humberto Vaz, entre 2018 e 2019, o preço da carne bovina sofreu elevação de 15%. Entre este ano e 2020, a tendência é que o preço permaneça de 30 a 40% mais caro. — A oferta de carne no mercado é muito baixa para os supermercadistas. O produtor tem preferido exportar porque os chineses estão pagando mais caro. Compram a carne de segunda, por exemplo, por R$ 24 o quilo, enquanto no Brasil se paga a metade desse valor — comparou o presidente da BGA. O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) Thiago Bernardino observa, ainda, outras questões internas que pressionaram os preços para cima. Entre elas, o aumento da demanda interna, visto que os supermercados estão comprando mais para fazer estoque tanto para as confraternizações de fim de ano, quanto para as ceias de Natal e Ano Novo; além da baixa oferta, causada pela entressafra devido à seca e pelo maior número de fêmeas abatidas.

Focus

Os analistas de mercado elevaram as perspectivas para a inflação, a economia e o dólar neste ano, ao mesmo tempo em que voltou a subir a projeção para a taxa básica de juros no final de 2020, de acordo com a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central divulgada nesta segunda-feira. O levantamento semanal apontou que a expectativa para a alta do IPCA, impactado em parte pela elevação dos preços no setor pecuário, em 2019, subiu pela terceira semana seguida, em 0,13 ponto percentual, a 3,46%. Para 2020 permaneceu em um avanço de 3,60%. O centro da meta oficial de 2019 é de 4,25% e, de 2020, de 4%, ambos com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa de crescimento melhorou a 0,99% e 2,20% respectivamente neste ano e no próximo, de 0,92% e 2,17% antes. O cenário para o dólar também subiu em 2019, com a moeda norte-americana estimada agora em R$ 4,10, de R$ 4,00 na semana anterior. Permanece para 2020 a expectativa de dólar a R$ 4,00.

Juros

A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda que a taxa básica de juros deve terminar este ano a 4,50%, depois de o Banco Central ter indicado novo corte de 0,5 ponto percentual ao reduzir a Selic a 5% ao ano em outubro. Mas para 2020 os especialistas voltaram a ver a taxa a 4,5%, depois de terem reduzido a perspectiva a 4,25%. Já o Top-5, grupo dos que mais acertam as previsões, continua vendo os juros a 4,5% ao final deste ano e a 4,00% em 2020.
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