Alta no preço dos combustíveis arrasa imagem do presidente
Diante de notícias como a disparada dos preços dos combustíveis – que mostram a dramática persistência da inflação –, os mais pobres “dão o troco” em Bolsonaro. Além de ficarem mais convictos na desaprovação ao governo, eles associam cada vez mais o presidente à crise econômica que assola o país, em pleno ano eleitoral.
Diante de notícias como a disparada dos preços dos combustíveis – que mostram a dramática persistência da inflação –, os mais pobres “dão o troco” em Bolsonaro. Além de ficarem mais convictos na desaprovação ao governo, eles associam cada vez mais o presidente à crise econômica que assola o país, em pleno ano eleitoral.
Por Redação, com BdF - de São Paulo
A pesquisa BTG/FSB divulgada nesta segunda-feira não deixa dúvidas: a inflação sem fim dos combustíveis se tornou o novo tormento do presidente Jair Bolsonaro. Segundo a pesquisa 53% consideram a gestão Bolsonaro “ruim” ou “péssima” após os aumentos elevados nos preços dos combustíveis. A rejeição ao governo é mais alta (55%) entre quem ganha até um salário mínimo e ainda maior (58%) entre quem ganha de um a dois salários mínimos.
O preço dos combustíveis, nos postos, tendem a aumentar ainda mais nos próximos dias
Trata-se também do grupo que reúne os mais afetados pela inflação de Bolsonaro. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o impacto da escalada de preços em 2021, alta para todos, foi 6% maior para os brasileiros de renda baixa (inferior a R$ 1.808,79).
Diante de notícias como a disparada dos preços dos combustíveis – que mostram a dramática persistência da inflação –, os mais pobres “dão o troco” em Bolsonaro. Além de ficarem mais convictos na desaprovação ao governo, eles associam cada vez mais o presidente à crise econômica.
Gás de cozinha
Essa tendência fica clara na pesquisa BTG/FSB. Entre os que rejeitam o governo, 45% atribuem a ele a responsabilidade pelo aumento no preço dos combustíveis, e 21% culpam a política de preços de Petrobras. São dois terços de brasileiros anti-Bolsonaro, portanto, que enxergam um DNA do governo federal, direta ou indiretamente, na alta dos preços.
Já na faixa dos 29% que apoiam o governo, apenas 5% o responsabilizam pela inflação da gasolina, do álcool e do gás de cozinha. Para 35% desses apoiadores, os governadores é que são os principais responsáveis pela crise dos combustíveis, em virtude dos impostos estaduais. Outros 25% dos pró-Bolsonaro acreditam que a guerra na Ucrânia é que provocou o novo pico inflacionário.
Polarização
Do ponto de vista eleitoral, afora a contundente vantagem de Lula sobre Bolsonaro, sobressai na pesquisa o encolhimento da chamada ‘Terceira Via’. Os pré-candidatos Ciro Gomes (PDT, 9%) e Sergio Moro (Podemos, 8%) se mostram um pouco mais competitivos. Na faixa dos 2%, encontram-se empatados João Doria (PSDB), André Janones (Avante) e Eduardo Leite (PSDB). Simone Tebet (MDB) tem 1%, e Felipe D’Ávila (Novo) não pontuou.
“A primeira rodada da pesquisa BTG/FSB consolida o favoritismo de Lula e Bolsonaro na corrida por uma vaga no 2º turno”, resume o Instituto FSB na apresentação do levantamento. “Todos os demais sete nomes somam, juntos, apenas 24%.”
Conforme a sondagem, na hora de definir o voto, os atributos que os eleitores mais valorizam nos presidenciáveis são “o programa de governo” (29%) e “a experiência prévia do candidato como gestor público” (27%). Uma e outra opção favorecem os nomes mais conhecidos do eleitorado, acentuando a polarização. Somente 11% afirmam que jamais votariam nem em Bolsonaro nem em Lula.
Força eleitoral
“O contexto de polarização política antecipou as decisões dos eleitores. Com isso, as possibilidades para candidatos fora Lula e Bolsonaro hoje são bem mais restritas”, diz André Jácomo, diretor da FSB Pesquisa.
O fator econômico, de qualquer maneira, estanca a força eleitoral do bolsonarismo. A pesquisa pergunta aos eleitores quem é o candidato mais preparado para “reduzir a pobreza”, “manter ou mesmo ampliar os programas sociais de distribuição de renda”, “gerar empregos”, “controlar o aumento dos preços”, entre outras ações. Lula é o nome mais citado em todos os quesitos. Não à toa, num eventual segundo turno, o petista venceria Bolsonaro por 54% a 35%.
A pesquisa BTG/FSB ouviu 2 mil eleitores, de 18 a 20 de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.