Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Agente penal segue preso por atirar em entregador na taquara

José Rodrigo da Silva Ferrarini, policial penal, foi preso por atirar em entregador após discussão sobre entrega. Entenda o caso e as repercussões.

Segunda, 01 de Setembro de 2025 às 10:29, por: CdB

José Rodrigo da Silva Ferrarini foi afastado da função e responde também a processo administrativo.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

O policial penal José Rodrigo da Silva Ferrarini, preso por atirar no entregador Valério Júnior na última sexta-feira, passou por audiência de custódia e teve a prisão temporária convertida em preventiva. Ele alegou à polícia que o disparo teria sido acidental. A versão foi sustentada tanto antes quanto depois da prisão, no domingo.

Agente penal segue preso por atirar em entregador na taquara | José Rodrigo da Silva Ferrarini
José Rodrigo da Silva Ferrarini

Em entrevista ao programa jornalístico Bom Dia Rio, da TV Globo, o delegado Marcos Buss, da 32ª DP (Taquara) relatou que, antes da repercussão do caso, o próprio Ferrarini procurou a delegacia para comunicar o episódio. 

– Ele admitiu que se envolveu numa discussão com o entregador porque ele não teria se disposto a levar o lanche na casa dele. Em dado momento dessa discussão, segundo ele, a arma disparou acidentalmente e atingiu o motoboy – disse o delegado.

Na ocasião, o policial penal acabou liberado após prestar depoimento. Com a divulgação das imagens do crime, que viralizaram nas redes, o delegado solicitou a prisão, expedida pelo Plantão Judiciário e cumprida na tarde de domingo.

– Até o momento, ele mantém a alegação de que o disparo teria sido acidental. Tão logo tivemos contato com as imagens, constatamos que, pela própria dinâmica, esse disparo foi voluntário – afirmou Buss. “Uma pessoa que aponta uma arma de fogo para outra, em qualquer parte do corpo, e puxa o gatilho, no mínimo assume o risco de matar.”

Afastamento

Antes da prisão, a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) já havia determinado o afastamento de Ferrarini por 90 dias e abriu processo administrativo disciplinar. 

Relembre o caso

O episódio ocorreu na noite da última sexta-feira, na Rua Carlos Palut, no conjunto habitacional Merck. Segundo as investigações, Ferrarini exigiu que o entregador subisse até seu apartamento para entregar o pedido, o que foi recusado. Valério sugeriu que a retirada fosse feita na portaria.

Incomodado, o policial penal desceu até a entrada do prédio e, após discutir com o entregador, disparou contra o pé direito da vítima. O momento foi registrado em vídeo. Mesmo ferido, Valério ainda pediu ajuda a vizinhos.

O entregador foi levado para atendimento médico, mas deixou o hospital com a bala alojada. Ele afirma que não sabe quando poderá retornar ao trabalho, já que ainda depende de avaliação médica sobre possíveis sequelas.

Revolta e protesto de entregadores

No sábado, colegas de profissão organizaram um protesto em frente ao condomínio onde ocorreu o crime. Eles se disseram indignados com o fato de Ferrarini ter sido inicialmente liberado.

– Uma injustiça, a gente só queria o direito de ir e vir e entregar o lanche em segurança – afirmou o entregador Breno Pereira, um dos protestantes.

Posicionamento do iFood

O iFood divulgou nota repudiando o ato de violência e reforçando que os entregadores não são obrigados a subir até os apartamentos. A empresa relembrou a campanha Bora Descer, lançada em 2024 no Rio de Janeiro, para estimular clientes a receberem os pedidos na portaria.

A plataforma informou ainda que Valério terá acesso ao apoio jurídico e psicológico por meio da Central de Apoio criada em parceria com a organização Black Sisters in Law.

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