Pela primeira vez na história da democracia na Espanha, o presidente do Executivo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, e os 17 dirigentes das regiões autônomas realizaram uma reunião conjunta, que alguns dos presentes viram como um marco do fim de uma visão centralista do Estado.
Reunir Zapatero e os presidentes das 17 comunidades e das cidades autônomas de Ceuta e Melilla, porém, não foi fácil. Até terça-feira, o chefe do governo regional do País Basco, Juan José Ibarretxe, não havia confirmado sua presença na conferência celebrada nesta quinta-feira na sede do Senado em Madri.
Embora esta tenha sido a I Conferência de Presidentes Autônomos, estes encontros serão realizados pelo menos uma vez ao ano em qualquer parte da Espanha.
A institucionalização destes encontros foi, precisamente, um dos resultados principais das conversações de hoje. O papel das regiões autônomas na União Européia (UE), com a nova Constituição, e o debate sobre o Estado das Autonomias também fizeram parte da agenda.
Em uma entrevista coletiva, Zapatero disse que nesta cúpula foi decidido que, antes de fim do ano, "todo o processo de participação das comunidades autônomas nas instituições européias" estará consolidado.
Para as próximas reuniões, há um amplo leque de temas propostos para fazer parte da agenda, como a imigração, a segurança pública "e, certamente, as reformas da Constituição e dos Estatutos", disse Zapatero.
Os Estatutos de autonomia da Catalunha e do País Basco, que dotam estas comunidades "históricas" de uma ampla capacidade de autogoverno, completaram 25 anos segunda-feira, em um momento em que suas reformas são traçadas.
A Catalunha prevê que essa reforma, que representará um avanço no autogoverno, esteja pronta na primeira metade de 2005, enquanto o governo regional basco quer ir além e impulsionar um plano soberanista mediante um referendo.
Os presidentes regionais se mostraram dispostos a defender as reformas de seus Estatutos nas próximas reuniões.
Zapatero e a maior parte dos presentes destacaram o ambiente "construtivo" e "respeitoso" do encontro, que alguns dirigentes autônomos, especialmente os socialistas, consideraram que sela o final da visão centralista da Espanha.
Já os presidentes regionais pertencentes ao opositor Partido Popular criticaram a precipitação e falta de conteúdo do encontro.