Um dos mentores da invasão norte-americana no Iraque, o subsecretário de Defesa Paul Wolfowitz rejeitou na terça-feira as insinuações de que os Estados Unidos tenham se metido em um atoleiro, mas admitiu que as tropas do país podem permanecer ali durante anos, até que as forças iraquianas possam agir por conta própria.
"Não estamos atolados", disse ele a deputados da Comissão de Serviços Armados da Câmara, onde enfrentou questões cépticas sobre a viabilidade de uma transição suave de poder no dia 30 de junho.
Questionado pelo deputado democrata Ike Skelton sobre quando as forças dos EUA vão se declarar vencedoras e voltar para casa, Wolfowitz respondeu: "Quando se tornar uma luta iraquiana e os iraquianos estejam preparados para assumir essa luta, quando estejam preparados para se unir a suas forças de segurança. Estamos dispostos a armá-los e equipá-los para isso. Não posso dizer quanto tempo vai levar".
"O senhor acha que poderemos ficar lá por um bom número de anos?", perguntou Skelton, "Acho que isso é inteiramente possível", respondeu Wolfowitz.
Skelton, líder democrata na comissão, já havia caracterizado a situação no Iraque como "um atoleiro da segurança", sem data para a saída das tropas e com a imagem norte-americana prejudicada pelo escândalo dos abusos contra prisioneiros.
Pesquisa divulgada na terça-feira pelo jornal The Washington Post e pela rede ABC News mostrou que apenas 47 por cento dos entrevistados nos EUA acham que a guerra vale a pena, enquanto 52 por cento discordam.
O apoio à forma como o presidente George W. Bush comanda a guerra caiu 13 pontos desde abril, e agora está em 50 por cento.
Há dois meses, Bush superava seu adversário democrata nas eleições de novembro, John Kerry, por 21 pontos quando a pesquisa perguntava qual dos dois era mais confiável na luta contra o terrorismo. Agora, Bush está um ponto atrás (48 a 47 por cento).
Mesmo assim, na questão específica do Iraque, Bush ainda goza de mais credibilidade (50 por cento) do que Kerry (45). A margem de erro é de três pontos percentuais.
Em seu depoimento, Wolfowitz se disse animado com a visita que fez na semana passada ao Iraque, dizendo que as conversas com o primeiro-ministro interino Iyad Allawi mostraram que o governo interino que assume no dia 30 tem planos realistas para a transição.
O subsecretário admitiu, porém, que não há dinheiro suficiente para treinar e equipar a nova força militar do Iraque. Ele disse que o Pentágono está buscando autorização para destinar 500 milhões de dólares para isso.