Volume de água do Sistema Cantareira cai abaixo de 10% pela primeira vez
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Terça, 06 de Maio de 2014 às 12:05, por: CdB
O volume de água armazenado do Sistema Cantareira recuou pela primeira vez para abaixo de 10% nesta terça-feira, mantendo tendência de esgotamento do mais importante conjunto de represas para o abastecimento dos cerca de 9 milhões de habitantes da região metropolitana de São Paulo.
O nível do sistema, criado na década de 1970, era de 9,8% nesta terça-feira, bem abaixo dos cerca de 27 % do início do ano e dos 62% exibidos um ano antes, segundo dados da companhia de águas do Estado, Sabesp.
Na véspera, o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), voltou a descartar racionamento de água, apesar do baixo nível do sistema, e afirmou que multa para quem aumentar o consumo de água na região metropolitana pode começar a valer a partir das contas de maio.
A Sabesp, que está reduzindo a captação de água do Cantareira, está investindo cerca de R$ 80 milhões para a construção de 17 bombas que vão sugar água do fundo das represas, abaixo do nível da captação das comportas.
A empresa está fazendo transferência de água dos sistemas de armazenagem Alto Tietê, que está com nível de 34,8% ante 65,7 % um ano atrás, e Guarapiranga, que mostra 76,5% de capacidade ocupada ante 87,9% no mesmo período de 2013.
Além disso, a companhia estendeu até o final do ano e para todas as 31 cidades que atende na região metropolitana do Estado programa de desconto em contas de quem reduzir o consumo de água em 20% sobre a média dos últimos 12 meses.
Seco
O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) afirma que não há previsão de chuvas significativas para a região do Cantareira nos próximos dias, em um momento em que o país ingressa em temporada normal de baixa pluviosidade que costuma se estender até setembro.
Segundo o meteorologista Gustavo Escobar, do CPTEC, chuvas significativas podem até cair na região do Canteira em junho e julho, mas devem ser episódios esporádicos e insuficientes para a recomposição do volume de água.
- Estamos dentro da normalidade agora. Este período, até o final de agosto, chove muito pouco na região (...) Nunca foi tão seco quanto este ano", afirmou o meteorologista que trabalha há 11 anos no centro. "Agora é difícil que se normalize a situação dos reservatórios. Mesmo tendo chuvas atípicas não deve ser suficiente para reverter situação - afirmou.
Para a presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), Jussara Cabral Cruz, a adoção de racionamento do consumo de água em algum nível seria prudente diante das incertezas geradas por previsões climáticas de longo prazo, que dependem de múltiplas variáveis.
- Não podemos afirmar que vai chover em setembro. No Nordeste, por exemplo, a região está no terceiro ano de estiagem (...) É importantíssimo que se pense em racionamento em algum nível, por menor que seja - afirmou a especialista em recursos hídricos e saneamento ambiental.
Em seu blog, Maria Frô, a professora Conceição Oliveira abordou o sucateamento da Sabesp:
"Enquanto os paulistas estão vivendo um grande racionamento, porque o governo tucano sucateou a Sabesp, durante mais de 20 anos não trocando tubulações e a água tratada escorre literalmente pelo cano, o PAC, um dos programas do governo Lula e PAC 2 do governo de Dilma Rousseff, já tem 92% de suas obras ou concluídas ou em execução próximas de conclusão. Os 8% restantes esperam licitação nos estados e municípios. 69% do PAC foram obras de saneamento básico. Ou seja, foi preciso eleger um ex-operário para de fato passar a ter uma política pública de saúde que fornecesse um direito básico aos brasileiros: acesso à esgoto e direito de água tratada para consumo.
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