Rio de Janeiro, 22 de Janeiro de 2025

Viva voz: a lápide da O2

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Quarta, 02 de Junho de 2004 às 06:32, por: CdB

Com a estréia de Viva voz, há menos de um mês, em dezenas de cinemas brasileiros, a O2, produtora paulista de Fernando Meirelles, começa a viver uma eterna busca de superação do fenômeno Cidade de Deus. Antes de ter lançado Cidade e ter ganho o mundo (e principalmente o Brasil), a O2 já tinha lançado filmes como o belo Domésticas, e curtas como E no meio passa um trem e Lápide. Aliás, vamos se prender a esses exemplos citados acima.
 
Após assistir Viva voz, somos apresentados a uma atmosfera hiper-artificial (de repente até mais artificial que as chanchadas de Watson Macedo). Personagens rasos falando diálogos absolutamente fora de sintonia. Por exemplo, os dois policiais (um deles interpretado por Paulo Gorgulho) falam sobre o que seria melhor, ficar sem um braço ou sem uma perna. Onde está a coesão? O mesmo ocorre quando um personagem homossexual resolve reunir um bocado de gente no escritório e faz tipo um videokê. Ou ainda, a conclusão do filme, que mais parece inventada em cima da hora, com menos coesão ainda. Viva voz é um fiasco artístico, chato metido a engraçadinho. Um humor tipicamente paulista, assim como foi evidenciado no próprio Cidade de Deus através de um comentário maldoso. Lápide, curta dirigido pelo mesmo Paulo Morelli de Viva voz, é outro exemplo de como uma má idéia, com maus diálogos podem fazer um monstro (e também é um filme totalmente falado, visando uma certa graça que simplesmente inexiste). Um casal fica discutindo sobre quem vai ficar na Lápide (entre pais, ex-mulheres e etc). E no meio passa um trem, a mesma dúvida idiota, um bandido e um policial discutem sobre como um vai agir com o outro, os dois acabam de matando.
 
Não precisa ser deus ou morar na cidade para descobrir porque Cidade de Deus é um marco e simplesmente vai ser o melhor filme da história da O2: não foi feito e ambientado em São Paulo.   

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Edições digital e impressa
 
 

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