Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Violência contra mulher vira moeda no conflito da Colômbia

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Quarta, 13 de Outubro de 2004 às 19:09, por: CdB

Os grupos armados ilegais e as forças de segurança da Colômbia transformaram os corpos de mulheres e meninas em moeda de guerra. Cometem abusos sexuais e assassinatos ou as ameaçam em busca de vantagem militar diante de seus adversários.

A denúncia foi feita na quarta-feira pela Anistia Internacional, que apresentou um novo relatório sobre a violência contra as mulheres na Colômbia, país que há quatro décadas enfrenta um confronto que mata milhares de pessoas por ano.

"Com este relatório esperamos dar voz aos milhares de mulheres sobreviventes, cuja experiência de violência sexual permanece oculta por trás de um muro de silêncio alimentado pela discriminação e pela impunidade", declarou Susan Lee, diretora do Programa Regional para a América da Anistia Internacional.

O documento revelou que a violência contra as mulheres, incluindo o estupro, é uma prática generalizada da guerrilha esquerdista, dos esquadrões paramilitares de ultradireita e em alguns casos de agentes de forças do Estado.

A investigação, documentada com depoimentos de vítimas das agressões, estabeleceu que o estupro e outros abusos sexuais, como a mutilação genital, são usados por integrantes das forças de segurança e pelos paramilitares como parte de uma estratégia de terror contra comunidades acusadas de colaborar com a guerrilha.

"As mulheres e crianças são violadas, agredidas sexualmente e assassinadas por se comportarem de uma maneira que os combatentes consideram inaceitável, ou por desafiar a autoridade dos grupos armados, ou simplesmente por serem consideradas um alvo útil para humilhar o inimigo", disse Lee numa entrevista coletiva.

A Anistia Internacional acusou a guerrilha e os paramilitares de estuprar mulheres sequestradas e de as obrigar a permanecer entre suas forças, manter relações sexuais com comandantes, tomar anticoncepcionais e fazer abortos em caso de gravidez.

Em 2003, mais de 220 mulheres foram mortas fora de combate, por motivos sociopolítiocos ¿ atividades sindicais, comunitárias, políticas, entre outras ¿, e outras 20 desapareceram.

As forças de segurança foram responsáveis diretas por 5 por cento das mortes; os paramilitares, por 26 por cento; a guerrilha, por 16 por cento. Nos outros casos os responsáveis não foram identificados, disse o relatório.

De acordo com estatísticas oficiais, o conflito mata pelo menos 3.500 pessoas por ano, das quais cerca de 6 por cento são mulheres, disse a Anistia Internacional.

O organização não-governamental pediu aos grupos armados ilegais e às forças de segurança que suspendam as práticas violentas contra as mulheres, e fez um apelo ao Estado para que as combata de forma eficaz, capturando e condenando os responsáveis com sentenças exemplares.

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