Dois viadutos que cortam o Anel Rodoviário de Belo Horizonte, no entorno da capital mineira, poderão ser interditados em um futuro próximo, caso não sejam realizadas obras para conter a erosão em suas bases. O desgaste das estruturas, provocado pela ação do tempo e pela retirada indiscriminada de terra por invasores, já está bastante visível.
Essa foi uma das constatações que os parlamentares da Comissão Estadual de Transportes, formada na Assembléia Legislativa, fizeram ontem ao percorrer os 27 quilômetros da via. Sinalização precária, falta de acostamento e de passarelas de pedestres e irregularidade no asfalto foram outras constatações feitas pelos parlamentares.
- A estrutura está sendo consumida gradualmente e se nada for feito, em breve, a única alternativa que restará será a interdição - afirmou o comandante da 7ª Companhia da Polícia Militar Rodoviária, major Antônio Carvalho Pereira.
A situação é preocupante em dois - o que corta a Via Expressa (Km 10,2) e o sobre a Avenida Cristiano Machado.
O engenheiro do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte Terrestre (Dnit), Murilo Sampaio, que acompanhou a comissão, minimizou o problema denunciado. Disse que o desgaste não compromete a fundação dos dois viadutos. Mas admitiu que o órgão não dispõe de qualquer recurso para obras no Anel Rodoviário.
Sem recursos para a manutenção, com um fluxo diário de 80 mil a 85 mil veículos, no trecho entre as avenidas Cristiano Machado e Amazonas, e estimado em 60 mil automóveis, da Avenida Amazonas até o Bairro Olhos D'Água (saída para o Rio de Janeiro), o Anel Rodoviário de BH amarga outros problemas.
Nos três primeiros quilômetros, além de rachaduras no asfalto, não se vê uma placa de sinalização. Próximo ao Bairro Olhos D'Água, o deslizamento de filito, provocado pela erosão, é outra ameaça. Sem escoras, os torrões de minério entopem os bueiros e calhas.
- O motorista tem que ir reduzindo a velocidade neste ponto - orienta o policial.
Alguns quilômetros adiante, em frente à subestação da Cemig, os deputados puderam confirmar o quanto faz falta as passarelas de pedestres. Sem contar com transporte público regular, moradores da Região do Barreiro atravessam os buracos da cerca de proteção no meio da pista, sem nenhuma segurança.
Só este ano os atropelamentos já mataram 26 pessoas no percurso, informou o major Antônio Carvalho. Segundo ele, além da construção de sete passarelas nos pontos mais críticos, seria necessários realizar um trabalho de conscientização junto aos moradores para que esses passassem a utilizar a passagem, em segurança.
No último passado, na operação SOS Anel Rodoviário, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte investiu cerca de R$ 2 milhões no recapeamento do asfalto. A recuperação dos 27 quilômetros, segundo o deputado Célio Moreira (PSB), está orçada em R$ 150 milhões.
Viadutos de Belo Horizonte são ameaçados por erosões
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Terça, 14 de Outubro de 2003 às 00:00, por: CdB