A Assembléia Legislativa de São Paulo vai investigar as doações de roupas que foram feitas pelo estilista Rogério Figueiredo para a primeira-dama do Estado, Lu Alckmin. O estilista revelou ter doado 400 peças de alta-costura para a primeira-dama, como noticiou a edição on-line do diário paulista Folha de S. Paulo, nesta sexta-feira. Em carta enviada nesta quarta-feira ao jornal paulista, publicada na edição desta quinta-feira, a assessora de Lu Alckmin, Cristina Macedo, afirmou que "a senhora Lu Alckmin não recebeu 400 peças" de Rogério Figueiredo e que "as poucas peças" entregues foram doadas para "a entidade social Fraternidade Irmã Clara".
A outro diário paulistano, O Estado de S. Paulo, Lu Alckmin afirmou que recebeu 40 peças do estilista e que todas foram doadas à Fraternidade Irmã Clara "em três lotes, em anos consecutivos". A entidade, segundo a Folha, não confirmou tais doações, e o estilista reafirmou ao jornal que doou 400 peças, ou cerca de 200 modelos completos, a ela.
- Quarenta roupas ou 400 não muda absolutamente nada. Então quer dizer que ela ganhou R$ 200 mil em presentes e não R$ 2 milhões? É improbidade administrativa do mesmo jeito - disse o deputado Romeu Tuma Jr. (PMDB-SP), autor do requerimento que pede explicações ao governador Geraldo Alckmin pelos "confortos proporcionados de graça à sua esposa". Os vestidos de Figueiredo custam de R$ 3.000 a R$ 5.000, segundo levantamento do jornal.
Presidente da Fraternidade Irmã Clara, Elizabeth Teixeira, diz "não ter conhecimento" das doações de 40 vestidos que teriam sido feitas à entidade pela primeira-dama. Segundo Elizabeth, a FIC recebeu um telefonema de Lu Alckmin nesta terça, dois dias após a Folha ter publicado reportagem com as revelações do estilista. A primeira-dama disse a ela que faria uma doação.
- Foram dez vestidos de festa. Que eu saiba, foi a primeira doação de vestidos - afirma Elizabeth, entregues todos no mesmo dia.
As doações feitas pelo estilista a Lu repercutiram de forma negativa entre os aliados de Alckmin. No Rio, Cesar Maia (PFL) teria afirmado, segundo a Folha:
- Imagine o tamanho de um armário para guardar tudo isso!
Para Maia, que já defendeu o impeachment de Luiz Inácio Lula da Silva porque a primeira-dama, Marisa Letícia, recebeu 27 tailleurs de graça de um estilista, "é claro que a senhora Lu Alckmin deve prestar todas as informações, pois não foi na condição de pessoa física que recebeu tantos regalos".
- Eu tenho a prova de que foram feitas mais de 400 peças de roupa. Foram quatro anos [de 2001 a 2005], ela não tinha nem o que vestir. Só de tricôs e casaquinhos foram mais de cem. Vestidinhos básicos, milhares. Ela nunca pagou nada - disse Figueiredo ao jornal.
Sua sócia, Kátia Grubisich, mulher de José Grubisich, presidente da Braskem, confirma que o estilista fala a verdade.
- Está chato para ela, não é? Eu sinto muito. O assunto tomou um rumo diferente, virou político - disse. Kátia é sócia de Figueiredo desde maio de 2005.