Venezuelanos saem às ruas a favor e contra Chávez

Dezenas de milhares de pessoas saíram nesta quarta-feira às ruas de Caracas, na Venezuela, em uma marcha a favor e outra contra o presidente Hugo Chávez. As duas grandes marchas rivais aconteceram com poucas ruas de separação, mas não foram registrados incidentes. Em um discurso exaltado, Chávez disse a seus partidários - que vêm principalmente dos setores mais pobres da população - que vai continuar atento contra aqueles que querem dar um fim ao que chamou de "reformas sociais revolucionárias" na Venezuela. Já seus opositores, entre os quais se incluem grupos estudantis, sindicatos de trabalhadores e organizações empresariais, saíram às ruas para criticar o que consideram ser o estilo autocrático do presidente. Segundo informações das agências de notícias, Chávez está perdendo o apoio de parte da população, que se queixa que o presidente não está repartindo a riqueza produzida pelo petróleo venezuelano. Ao convocar sua manifestação, o presidente conclamou seus seguidores a não deixar as ruas para os "contra-revolucionários". Em pronunciamento no rádio e na TV, ele disse que a marcha mostrou "onde está o povo bolivariano: com a revolução". Chávez diz que seu programa se inspira nas idéias de Simón Bolívar, um dos heróis da independência da América espanhola. Por outro lado, o editor do jornal El Nacional, Miguel Henrique Otero, disse que jamais havia visto uma manifestação tão grande da oposição ao presidente. Segundo ele, a marcha da oposição se caracterizou pela pluralidade dos participantes e as duas manifestações puseram em evidência a polarização política no país. O deputado Andrés Velásquez, da oposição, estimou em 300 mil o número de participantes da marcha anti-Chávez, mas este número foi colocado em um patamar bem inferior - 80 mil - pela agência de notícias Reuters.