Milhares de pessoas formaram filas em várias de cidades da Venezuela, nesta sexta-feira, para coletar assinaturas pela realização de um plebiscito que pode definir o futuro do presidente Hugo Chávez.
A oposição tem até segunda-feira para recolher o número mínimo de assinaturas (2,5 milhões) necessárias para que o plebiscito seja realizado.
Caso ele seja aprovado, os eleitores poderão votar pela saída de Chávez do poder e pela realização de novas eleições.
A procura pelas seções de coleta de assinaturas é grande. Apenas em uma seção no centro de Caracas, a oposição diz que já foram recolhidas, no primeiro dia, 50% das assinaturas esperadas para os quatros dias de recolhimento.
Embora seja um momento crucial de uma longa crise política, os venezuelanos estão encarando de forma festiva e aliviada o processo.
-Ninguém aguenta mais viver nessa tensão, e agora seja o que Deus quiser- disse Ybeyse Gomes, 64 anos, na fila da mesa instalada na Av. Romulo Gallegos, no centro da capital, Caracas.
Descontente com o governo de Hugo Chávez, ela espera que sejam reunidas as 2,5 milhões de assinaturas necessárias para que presidente seja submetido a um referendo.
Apesar da descontração com que eleitores estão encarando a votação, no início da manhã surgiram problemas em algumas seções de votação.
Às 6h da manhã, 800 mil planilhas deveriam estar disponíveis nas seções, mas até 8 horas, 45% dos centros de coleta ainda não haviam sido abertos.
Na quinta-feira, a política realizou uma busca na empresa de entregas Zoom, alegando que ela estava escondendo material de propaganda ilegal.
Os funcionários protestaram mostrando o que consideram suas armas: canetas para assinar a consulta popular.
Para evitar o risco de impugnação das assinaturas, a oposição colocou computadores perto das mesas para que cada eleitor possa verificar como está registrado seu nome no Conselho Nacional Eleitoral.
Também estão entregando cartões para que as pessoas anotem o número da planilha que assinaram. Esse material, na opinião do governo, fere as regras da consulta, mas nenhum movimento foi feito para impedi-lo.
Para evitar conflitos entre "chavistas" e seus adversários, 60 mil militares foram convocados nas ruas, 2,5 mil bombeiros estão de prontidão e 12 mil policiais estão policiando a capital.
A coleta de assinaturas - que está ocorrendo em 2.680 mesas espalhadas por 335 municípios - acaba na segunda-feira. Ela esta sendo acompanhada por 600 observadores internacionais e 700 jornalistas.
É olhada de perto também por todos os países que tem algum interesse na Venezuela e no futuro do país.