Presidente da Varig, Marcelo Bottini comunicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por e-mail, que a companhia aérea poderá suspender suas atividades nas próximas horas. A mensagem foi encaminhada ao secretário particular do presidente, Gilberto Carvalho, e pede uma audiência urgente para tratar da crise em que a empresa está mergulhada. Assessores de Carvalho, no entanto, adiantaram que não existe uma alternativa viável capaz de salvar a companhia.
Caso a empresa venha mesmo a parar, o ex-diretor-geral do extinto Departamento de Aviação Civil (DAC), brigadeiro Jorge Godinho, deixou pronto para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) um planejamento de emergência que redistribuiu as rotas da Varig para outras companhias aéreas. Tanto o presidente da TAM, Marco Antônio Bologna, quanto da Gol, Constantino Júnior, estiveram em Brasília nesta terça-feira para discutir o plano de contingência com a Anac. Segundo a agência, a parte da fronta da TAM está ociosa e a Gol recebe, nos próximos dias, cinco novos Boeings 737-800, mas a participação da BRA nas linhas pertencentes à Varig não está descartada.
Mesmo as rotas internacionais poderão ser distribuidas entre as empresas nacionais, em um primeiro momento. Mas o planejamento deixado pelo brigadeiro Godinho prevê uma negociação com as empresas estrangeiras do grupo Star Alliance, do qual a Varig faz parte, embora haja entraves de ordem jurídica, pois a legislação internacional exige reciprocidade dos demais paises.
A crise da Varig, no governo, era assunto para o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Após a queda do ministro, o assunto migrou para a pasta da Defesa, com o embaixador José Viegas, que também se retirou do governo. Embora não tivessem o aval dos ministérios da Fazenda e da Justiça, os ex-ministros concordavam em dividir a mais tradicional empresa aérea nacional. Uma das empresas restantes ficaria com o passivo, e a outra com as rotas internacionais. O plano, porém, não prosperou.