Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Valério chama Jefferson de 'mentiroso'

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Quarta, 06 de Julho de 2005 às 11:57, por: CdB

"Um brasileiro normal". Assim o o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de envolvimento no esquema do mensalão, definiu-se nesta quarta-feira, em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. Ele desmentiu as acusações de superfaturamento nos contrato com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), negou a doação de quantias em dinheiro para partidos políticos e chamou o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) de "mentiroso".

Valério encaminhou uma pilha de documentos à relatoria da CPMI e garantiu não ter obtido nenhum benefício para vencer licitações em estatais. Informou ainda que é de quase R$ 500 milhões o faturamento das empresas nas quais teria participação e que nunca foi investidor de gado. Reservou-se o direito de explicar na Justiça onde investiu os mais de R$ 20 milhões sacados das contas bancárias de suas empresas, conforme atestou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Durante o depoimento, Marcos Valério negou ter viajado a Brasília na primeira quinzena de julho de 2004, conforme denúncia do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Segundo Roberto Jefferson, o empresário teria entregado a ele R$ 4 milhões em dinheiro vivo, de acordo com combinação feita com o presidente do PT, José Genoíno.

Mesmo sob a proteção de habeas corpus, que lhe deu o direito de não produzir provas contra si mesmo, Marcos Valério garantiu que "não se furtaria" a colaborar com a CPI e citou diversas empresas com as quais estaria ligado. De acordo com o relato de Valério, ele ou sua mulher, Renilda, têm participação nas empresas: SMP&B Comunicação; Solimões Comunicação (ex-SMP&B Propaganda); DNA Propaganda; Grafite (ex-Star Alliance); Multi Action (ex-MG5 Participações); 2S Participações (criada por funcionários e depois transferida para ele); JVM (nunca funcionou); Brastelecom/Brastev (encerrada); Presépio (nunca funcionou); Target (transferida para outros), Estratégia (para campanhas políticas) e Tolentino Melo. Para o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), a existência de tantas empresas com um leque tão variado de atuação parece "algo intencional", "algo muito virtual".

Ainda durante o depoimento, Marcos Valério destacou que seria impossível superfaturar qualquer contrato firmado com os Correios. Para isso, segundo ele, empresas como a TV Globo e as revistas Veja e Istoé teriam que ser coniventes. Ele disse que de nenhuma forma foi beneficiado por alterações em editais de licitação, especificamente na última licitação de publicidade que a estatal promoveu, da qual a SMP&B e outras duas empresas saíram vencedoras.

- Na licitação, 55 agências participavam. E a maioria não teria condições de entrar pelo estabelecido no edital original - disse.

Marcos Valério também listou os vários contratos que possui com outros órgãos do governo, como o Ministério dos Esportes, a Câmara dos Deputados, o Banco do Brasil, o Ministério do Trabalho e a Eletronorte. Osmar Serraglio destacou que o movimento dessas empresas é "inusual, destoa da conduta comercial" e apresenta "uma gordura não explicada". Afirmou ainda que a justificativa de que os saques destinavam-se ao "pagamento de fornecedores" seria apenas uma "universalização da informação". 

Empréstimo ao PT

Marcos Valério confirmou ter sido avalista do PT em um empréstimo contraído no BMG e pagou a primeira parcela da dívida, no valor de R$ R$ 349.927,53, vencido em honrada pelo partido. O valor de R$ 2,4 milhões teria sido obtido em Belo Horizonte, em 17 de fevereiro de 2003, porque o PT não teve como quitar a dívida. Também foram avalistas o presidente do partido, José Genoino, e o tesoureiro Delúbio Soares, afastado do cargo nesta terça-feira..

Após a falta de pagamento do PT ao banco BMG, onde ele disse ter conta corrente, Valério afirmou que deixou de ser avalista do partido.

Saques em dinheiro

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