Uruguai joga tradição contra especialista em repescagem Austrália

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Publicado sexta-feira, 11 de novembro de 2005 as 12:26, por: CdB

Montevidéu e Sydney verão um choque de diferentes culturas futebolísticas que vale uma das últimas vagas na Copa do Mundo do próximo ano.

Em crise técnica, o Uruguai aposta na tradição de valentia e no convencional favorecimento emocional jogando no estádio Centenário contra a Austrália, seleção campeã da Oceania, que tenta emplacar uma recente ascensão internacional na última chance de quebrar uma longa série negativa em repescagens.

Experiente Alvaro Recoba é esperança da seleção uruguaia no confronto com a Austrália.

O confronto entre o Uruguai, quinto colocado das eliminatórias da América do Sul, e a Austrália, campeã do torneio qualificatório da Oceania, começa neste sábado em Montevidéu, às 17h (horário de Brasília). Quatro dias depois, o embate segue em Sydney.

Com a provável ausência de sua principal referência ofensiva, o atacante Diego Forlán, artilheiro do último Campeonato Espanhol pelo Villarreal, a seleção uruguaia se apega a antigos valores, como a mística da camisa “celeste” (duas vezes campeã do mundo nos primórdios das Copas) e, principalmente, a garra.

Durante a semana de treinos em Montevidéu, a linha de discurso do técnico Jorge Fossati e dos jogadores uruguaios é que a velha tradição de garra e entrega em campo é mais uma vez a chave para a classificação.

Por sua vez, Bahrein, que saiu vitorioso do playoff na Ásia contra o Uzbequistão, tenta um bom resultado fora de casa para depois definir a classificação em seus domínios no meio de semana.

Por sua vez, a Austrália se despede de confrontos de repescagem para Copas.

Campeã rotineira de seu continente, a equipe ganhou da Fifa a concessão para disputar, a partir das próximas eliminatórias, o torneio qualificatório na Ásia.

É uma espécie de prêmio a uma das equipes que mais evoluiu tecnicamente nos últimos tempos.

Mesmo com o nível mais equilibrado entre os rivais asiáticos, os australianos terão, na teoria, mais chances de classificação, pois o continente oferece quatro vagas diretas em Mundiais.

Na condição de campeã da Oceania, a Austrália teve o caminho até a Copa interrompido em quatro oportunidades.

Os australianos caíram diante da Escócia na repescagem para o Mundial de 1986. Oito anos depois, o algoz foi a Argentina de Diego Maradona.

Mais um insucesso australiano aconteceu no trajeto até o Mundial de 1998, dessa vez diante do Irã. Na última repescagem, a Austrália parou num conturbado confronto com o Uruguai.

Na despedida como seleção da Oceania, a Austrália conseguiu um importante reforço fora de campo, o técnico holandês Guus Hiddink, espécie de “selo de qualidade” depois das últimas duas Copas.

Hiddink, que levou a Holanda à semifinal em 1998 e a Coréia do Sul a um improvável quarto lugar quatro anos depois, é a aposta da Austrália para que toda a evolução técnica dos últimos tempos seja enfim traduzida em resultados efetivos.

Os australianos, que só participaram de uma Copa (Alemanha, em 1974), hoje contam com um elenco experiente, com a grande maioria dos jogadores atuando no futebol europeu.

Os destaques são os meias Mark Bresciano (Parma) e Tim Cahill (Everton), e os atacantes John Aloisi (Alaves) e Mark Viduka (Middlesbrough).

O desfalque no duelo com os uruguaios será o capitão Craig Moore, zagueiro do Newcastle, que se recupera de lesão.

Contra os uruguaios, a Austrália traz a lembrança viva do confronto de quatro anos atrás, quando, segundo os campeões da Oceania, os sul-americanos apelaram a recursos antiesportivos, como a violência em campo e mau tratamento fora dele, para vencer.

Mas, na avaliação de Hiddink, é hora de esquecer o duelo anterior.

– Será uma partida dura, mas não suja. Conheço muitos jogadores uruguaios e creio que eles são boas pessoas. Jogam dentro dos limites da regra. Jogam forte, mas não sujo – comentou o treinador, que também comanda o PSV Eindhoven em seu país.