Uma publicação que reúne 20 artigos de especialistas, "Pobreza e Desigualdade no Brasil: Traçando Caminhos para a Inclusão Social" foi lançada nesta terça-feira pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), no Salão Nobre do Senado. Organizado pelos representantes da entidade no Brasil, Jorge Werthein e Marlova Noleto, o livro traz entre os autores o ministro da Segurança Alimentar, José Graziano, o líder do Governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), e o coordenador de Mobilização Social do Programa Fome Zero, Frei Betto.
Para o representante da Unesco, Jorge Werthein, a miséria é uma violação dos direitos humanos, sobretudo o mais básico: o direito à vida. Ele citou a unificação de cadastros para os programas de renda mínima como uma das experiências brasileiras que considera importantes no combate à pobreza. A unificação, lembrou, permite que o governo conheça quem realmente precisa do benefício.
Werthein reconheceu a dificuldade para um país em desenvolvimento se destacar com programas sociais e que eles façam parte da agenda internacional. "No caso do Brasil, temos dois. Um é o Bolsa Escola, que foi inscrito na agenda de todos os organismos internacionais e também de muitos países. Outro é o programa de combate à Aids", destacou.
Diagnóstico
Em seu texto, o senador Aloizio Mercadante apresenta um diagnóstico da exclusão social no país. Segundo Mercadante, a política e a economia mudaram muito no Brasil, mas a concentração de renda permaneceu inalterada durante toda nossa história. Para o senador, o único modo de mudar este quadro é com reformas estruturais, como a previdenciária, tributária, agrária e do poder judiciário. Também define o que considera os fundamentos da inclusão social. "A educação é a porta de entrada deste processo. Educação pública de qualidade, para que jovens tenham oportunidade. Inclusão é primordialmente educação e emprego", explica Mercadante.
O ministro da Segurança Alimentar, José Graziano, defende que inclusão social começa por uma nutrição adequada. "A fome é a mãe da exclusão. Uma pessoa com fome não consegue trabalhar". O ministro explica que seu artigo faz um resumo das experiências de combate à fome no Brasil. Segundo Graziano, estas iniciativas começaram quando o governo Itamar Franco criou o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em 1993. Neste mesmo período, a sociedade foi mobilizada pela campanha do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.
"Infelizmente, na segunda metade dos anos 90, o Consea foi extinto e a sociedade, desmobilizada. A campanha do Betinho ficou reduzida aos comitês das empresas públicas", comentou Graziano. E acrescentou que depois de dez anos o governo retomou o caminho virtuoso de mobilização social iniciado por Betinho.
Unesco reúne em livro artigos sobre inclusão social no país
Arquivado em:
Quarta, 10 de Dezembro de 2003 às 07:45, por: CdB