Fazer do comércio um instrumento do desenvolvimento é o principal desafio da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), que trará a São Paulo, de 13 a 18 deste mês, todas as grandes personalidades do comércio mundial, inclusive o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Supachai Panipchpakdi.
Em sua décima-primeira edição, a conferência quadrianual da Unctad colocará o Brasil no foco das atenções internacionais. "Daqui deve sair uma nova negociação entre os países em desenvolvimento para conformar aquilo que o presidente Luís Inácio Lula da Silva vem chamando, muito bem, de a nova geografia do comércio", avalia o embaixador Rubens Ricúpero, secretário geral da Unctad desde 1995.
A expectativa é de que a reunião conte com a presença de 4 mil delegados do mundo todo. Comparado em importância à Rio-92, o evento é a maior conferência da ONU este ano e deve se converter no principal foro de debates sobre as estratégias de desenvolvimento do mundo em crise. Ricúpero acredita que as discussões aqui realizadas poderão dar impulso decisivo para a retomada das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio.
A função da Unctad - entidade intergovernamental permanente, criada em 1964 - é exatamente preparar os países em desenvolvimento para a guerra das negociações comerciais. "A Unctad não negocia acordos comerciais como a OMC. Somos uma organização de economistas. Fazemos análises, pesquisas. Nos ocupamos da parte que antecede, acompanha e sucede as negociações", explica Ricúpero.