Dos campos de batalha às ruas e quartos de dormir, mulheres ao redor do mundo estão sujeitas a níveis aterrorizantes de abusos, afirmou nesta sexta-feira o grupo de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional. Três dias antes do Dia Internacional da Mulher, o grupo afirmou que mais de um bilhão de mulheres no mundo - uma em cada três - foram espancadas, forçadas a manter relações sexuais ou sofreram outro tipo de abuso, quase sempre perpetrado por amigo ou parente.
No relatório "Está em nossas mãos. Páre a violência contra a mulher", a Anistia diz que o problema não está confinado a regiões mais pobres e fez um alerta:
- Isso não é algo que acontece 'por lá'. Acontece aqui - disse a secretária-geral do grupo, Irene Khan, no lançamento do relatório e da campanha em Londres. - Não é algo que só acontece a outras pessoas. Acontece a você, a seus amigos e sua família. Até que todos nós, homens e mulheres, digamos 'não, não deixarei que isso aconteça', isso não terá fim.
O relatório afirma que nos Estados Unidos, uma mulher é espancada por seu marido ou parceiro a cada 15 segundos em média, enquanto uma e estuprada a cada 90 segundos. Na França, 25 mil mulheres são violentadas a cada ano. De acordo com a Anistia, o número de vítimas reais de abuso deve ser muito maior, devido ao estigma que inibe denúncias.
- Atrás de portas fechadas e em segredo, mulheres são submetidas à violência de seus parceiros e parentes, muito envergonhadas para delatar - disse Khan.
Todos os anos, dois milhões de meninas entre 5 e 15 anos são obrigadas a se prostituir e o tráfico de mulheres movimenta atualmente US$ 7 bilhões por ano, segundo a Anistia. Em todo o mundo, um quinto das mulheres foi vítima de estupro ou de tentativa deste tipo de crime. E a prática se transformou até mesmo em uma arma de guerra. - Os conflitos armados estão tendo um efeito devastador e desesperador sobre as mulheres, que ultrapassa em muito a violência inerente à guerra - afirmou Khan.
Na Zâmbia, cinco mulheres são assassinadas por semana por seus parceiros ou por algum amigo da família. Em toda a África subsaariana, o epicentro da pandemia de Aids, cerca de 60% das pessoas infectadas são mulheres - tendência que aumenta devido à crença em alguns países de que o estupro de uma virgem pode curar a doença.
Um terço das mulheres sofre abuso
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Sexta, 05 de Março de 2004 às 09:42, por: CdB