Rio de Janeiro, 23 de Janeiro de 2025

Turquia: principal partido de oposição pede anulação de referendo

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Segunda, 17 de Abril de 2017 às 06:47, por: CdB

Tezcan acrescentou que a decisão da Comissão Eleitoral Superior de aceitar urnas não carimbadas foi claramente fora da lei

Por Redação, com Reuters e EFE - de Ancara:

O vice-presidente do principal partido de oposição da Turquia pediu nesta segunda-feira a anulação do referendo que concedeu amplos poderes ao presidente do país, Tayyip Erdogan, e disse que vai levar a questão à Corte Europeia de Direitos Humanos, se necessário.

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Presidente da Turquia, Tayyip Erdogan em coletiva de imprensa em Istambul

Bulent Tezcan, vice-presidente do Partido Republicano do Povo (CHP). Ele disse que a legenda recebeu reclamações de diversas regiões. Onde pessoas afirmaram não conseguir votar com privacidade, e disse que algumas urnas foram apuradas em segredo.

Tezcan acrescentou que a decisão da Comissão Eleitoral Superior de aceitar urnas não carimbadas foi claramente fora da lei.

– No momento é impossível determinar a quantidade de votos desse tipo e quantos votos foram carimbados depois. É por isso que a única decisão que vai acabar com o debate sobre legitimidade (da votação) e tranquilizar as preocupações legais da população é a anulação dessa eleição pela Comissão Eleitoral Superior – disse Tezcan em uma coletiva de imprensa.

Tezcan disse que o Partido Republicano do Povo vai levar as queixas a autoridades eleitorais municipais e à Comissão Eleitoral Superior, e dependendo do resultado desses pedidos, vai apelar para a corte constitucional da Turquia, a Corte Europeia de Direitos Humanos e qualquer outra autoridade relevante.

Referendo

O apoio ao novo sistema presidencialista sugerido pelo mandatário turco, o islamita Recep Tayyip Erdogan, lidera a apuração do referendo realizado no domingo na Turquia, segundo os primeiros dados parciais. As informações são da Agência EFE.

Com 91,7% das urnas apuradas, o "sim" aparece com 52,2% dos votos. Enquanto o "não" alcança 47,8%, segundo os resultados oficiais divulgados pela emissora NTV. A participação popular teria alcançado 85% do censo eleitoral da Turquia.

O "sim" vence em Anatolia e na região do Mar Negro, redutos do governamental Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP). Enquanto o "não" se impõe em Istambul, na costa do Egeu, no Mediterrâneo e nas áreas em que se concentra a população curda.

À medida que avança a contagem, a vantagem do "sim" está se reduzindo, e passou de mais do 60% para o atual 52,2%.

População

A Turquia vai decidir, nesta consulta popular. Se substitui seu modelo parlamentar por um presidencial com amplos poderes. Cujo resultado determinará o modelo político do país e redefinirá suas relações com a União Europeia (UE).

Cerca de 55 milhões turcos foram convocados às urnas e as pesquisas apontavam um resultado apertado. Uma vez que as enquetes davam possibilidades de vitória tanto ao "sim" quanto ao "não".

Erdogan

Após votar em Istambul, o presidente Recep Tayyip Erdogan disse neste domingo. Que o referendo para instaurar o sistema presidencial é histórico. E que a mudança servirá para acelerar o desenvolvimento e definir o futuro do país. "O referendo não é um qualquer, é um dos mais importantes em nossa História".

Erdogan, o grande impulsor da reforma, sustentou que o modelo presidencialista vai acelerar o desenvolvimento do país e equiparou a mudança com atingir os objetivos de Mustafa Kemal Atatürk, o fundador da moderna república laica.

– Com esta mudança nosso povo decidirá por um salto em seu desenvolvimento. Temos que fazer uma eleição fora do comum para atingir o objetivo de Mustafa Kemal Atatürk de alcançar as civilizações contemporâneas – acrescentou.

Já o líder do opositor Partido Republicano do Povo (CHP, social democrata), Kemal Kiliçdaroglu, acreduta em uma vitória do "não".

– Tivemos uma boa campanha. Estamos votando o destino da Turquia. Estou contente e confio em que tenhamos um bom resultado e então tratemos de solucionar os problemas do país – disse após votar.

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