O líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), disse que o governo federal destinou 24% da dotação orçamentária total do Ministério da Integração Nacional para o início das obras de transposição do Rio São Francisco, em dois braços, para outros Estados.
A transposição começará com um conjunto de projetos que inclui saneamento, inclusive na nascente do rio, tratamento das matas ciliares, proibição de lançamento de lixo e dejetos industriais, e até mesmo a transposição, para o São Francisco, das águas de um dos afluentes do Rio Tocantins já em 2005. A transposição terá no orçamento de 2005 cerca de R$ 1 bilhão, um terço do total necessário, e será concluída provavelmente em dois anos.
Fernando Bezerra elogiou a iniciativa e lembrou que a licitação a ser feita para as obras iniciais será a mesma que ele deixou pronta quando deixou o Ministério da Integração Nacional, no governo Fernando Henrique Cardoso.
- É uma iniciativa notável do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porque ele sabe que terá oposição até irracional de alguns estados, mas não há alternativa. Há uma parte da Paraíba, por exemplo, que ou recebe água, ou as pessoas terão que ser retiradas de lá, é inabitável - explicou.
O líder do governo destacou ainda que a transposição não significa que se vá retirar o São Francisco de seu leito original e desviá-lo para outros estados.
- Nada disso. O que vai ser feito é transpor o excesso que corre para o mar para os grandes reservatórios estaduais, para uso humano e com fins econômicos. O Rio Grande do Norte, por exemplo, receberá as águas em duas grandes represas, a de Santa Cruz e a Armando Ribeiro Gonçalves.
Fernando Bezerra disse ainda que a Chapada do Apodi, no Rio Grande do Norte, será beneficiada pelas águas de uma dessas duas represas.
- A Chapada do Apodi tem terras das melhores do país, mas que não podem ser aproveitadas por falta de água. Com a transposição, poderemos transformar a região em uma das mais prósperas do país, gerando empregos e riquezas - disse.
O senador ressaltou que o Nordeste tem apenas 3% da água doce do Brasil, sendo que 70% desse total é exatamente a água do Rio São Francisco.
- Há relatórios de impacto ambiental de altíssimo nível que eu mesmo encomendei quando era ministro e que garantem que a obra terá efeitos positivos. Por exemplo, o fim do lançamento de lixo e dejetos industriais no rio, o que acontece até mesmo em Belo Horizonte, através do Rio das Velhas - afirmou o senador