Manifestantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) estão acampados no gramado em frente ao ministério da Fazenda desde as 5 horas da manhã. Segundo o presidente da confederação, Manoel José dos Santos, o protesto é para forçar o governo a avançar na reforma agrária.
"Queremos um programa do governo para a reforma agrária que possa atender as demandas que nós temos", disse ele. O presidente da Contag também disse que no orçamento do governo só dá para assentar 25 mil famílias ao ano, quando a proposta da confederação é trabalhar com 200 mil famílias por ano. "Isso significa dizer que nós estamos reivindicando que, nos quatro anos do governo Lula, possam ser assentadas 800 mil famílias", afirmou.
Para Manoel José dos Santos também é preciso incluir no orçamento recursos da ordem de R$ 4 bilhões e não os R$ 400 milhões previstos, além de alterações no PPA (Plano Plurianual), que prevê os investimentos do governo nos próximos anos. "A inclusão dos recursos no PPA é a única maneira de garantir que o compromisso do governo será de fato mantido", defendeu Manoel dos Santos.
Ciente de que o PPA é elaborado pelo Ministério do Planejamento, o presidente da Contag justificou o acampamento em frente à Fazenda argumentando que a liberação de recursos depende do aval do ministro Antonio Palocci e sua equipe. "O governo é o mesmo, então ele junte os ministros para planejar e liberar os recursos", propôs.
Os trabalhadores rurais reivindicam, ainda, o alongamento do prazo para a renegociação das dívidas dos agricultores familiares, a simplificação da liberação de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e recursos para assistência técnica.
Os manifestantes da Contag prometem só deixar o gramado em frente ao ministério da Fazenda após as negociações com o governo. Segundo o representante dos trabalhadores rurais, o número de manifestantes chega a 1.200, mas a Polícia Militar do Distrito Federal calcula esse número entre 300 e 400 pessoas.
A Contag representa, segundo informações da sua assessoria, 25 milhões de trabalhadores rurais em 3.886 sindicatos espalhados por todo o país, distribuídos em 26 federações.
Além da Contag, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão a caminho de Brasília e se alojam no pavilhão de exposições do parque da cidade na próxima quinta-feira. Quase dois mil trabalhadores rurais de cinco estados brasileiros saíram em 10 de novembro de Goiânia (GO) e estão hoje na cidade-satélite de Samambaia (DF). Eles passam esta noite em Candangolândia, próximo do Plano Piloto de Brasília.
A mobilização, conforme os organizadores, é em apoio ao II Plano Nacional de Reforma Agrária e foi organizada pelo Fórum Nacional de Reforma Agrária e Justiça no Campo, que reúne 42 entidades. Segundo informações da MST, assim que os trabalhadores rurais chegarem a Brasília serão recebidos pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
O MST também informou que a proposta do II Plano Nacional de Reforma Agrário foi elaborada por uma equipe de técnicos coordenada pelo ex-deputado federal do PT Plínio de Arruda Sampaio, especialista na questão fundiária brasileira. O documento foi apresentado no mês passado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. A meta do Plano é assentar um milhão de famílias em quatro anos e agora espera pela aprovação do governo.
Trabalhadores na agricultura fazem protesto na Esplanada
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Terça, 18 de Novembro de 2003 às 10:09, por: CdB