O julgamento dos outros cinco acusados de participar da tortura e morte do jornalista Tim Lopes - Fernando Sátyro da Silva, Ângelo Ferreira da Silva, Elizeu Felício de Souza, Reinaldo Amaral de Jesus e Claudino dos Santos Coelho - está marcado para o dia 14 de julho. O julgamento teve que ser desmembrado por causa da greve dos defensores públicos, que deixa sem direito à defesa os outros cinco acusados do crime. Segundo a promotoria, há provas para a condenação de todos.
Na quarta-feira, por volta das 23h30, Cláudio Orlando do Nascimento, o Ratinho, um dos acusados de participar do assassinato do jornalista, foi condenado a 23 anos e seis meses de prisão, por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e formação de quadrilha.
O corpo de jurados, cinco homens e duas mulheres, esteve reunido por cerca de uma hora. Terminada a leitura da sentença, Ratinho seguiu para o Complexo Penitenciário de Bangu. O julgamento de Ratinho começou na terça-feira, 20 dias depois da condenação do principal acusado do crime, o traficante Elias Maluco - condenado a 28 anos e seis meses de prisão.
Segundo a polícia, os depoimentos dos bandidos na época do crime mostram que Ratinho foi o que mais incentivou os cúmplices a torturar e executar Tim Lopes. Uma testemunha arrolada pelo Ministério Público informou que ouviu o réu declarar que teve prazer em acender um cigarro nas cinzas dos ossos de Tim Lopes. A testemunha é um inspetor de polícia, na época lotado na 22ª DP (Penha), que participou da escolta de transferência de Ratinho da delegacia até o presídio Bangu I. Segundo a testemunha, a delegada Alice Cunha, que participava da escolta, também ouviu a declaração do traficante.
O julgamento do traficante durou quase 24h. Na véspera, Ratinho se declarou inocente e usou o direito de ficar calado. Em seguida, durante sete horas foram apresentadas fitas de áudio e vídeo com reportagens feitas na época da morte de Tim Lopes. Os promotores disseram que essa foi uma estratégia do advogado de defesa, José Maurício Neville, que teria como objetivo cansar os jurados. Neville também defendeu Elias Maluco. Assim como aconteceu no julgamento de Elias, o advogado dispensou as cinco testemunhas de defesa e insistiu na falta de provas contra o cliente.