O nome do novo presidente da Eletronuclear será anunciado nesta quinta-feira, na sede da empresa, depois da reunião do Conselho de Administração, que acontece agora a tarde. O escolhido substituirá o físico nuclear Zieli Dutra Thomé Filho, que estava no cargo há dois anos e quatro meses, desde o início do Governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Zieli Dutra, em entrevista à Agência Brasil, disse que desconhece o motivo de sua saída, mas suspeita que a decisão pode estar relacionada às suas posições como cientista de âmbito internacional favorável a um programa nuclear brasileiro:
- Forte, intenso, e estratégico, envolvendo a Nuclep, a ANB, a Marinha na fabricação das outras centrífugas de última geração desenvolvidas por cérebro brasileiros.
- É nacionalismo e estamos falando de fins pacíficos, nada além disso, mas temos condições, com um pouquinho mais de esforço, de construir Angra 3 e gerar enriquecimento de urânio que pode vir até a ser vendido, a médio prazo, como serviço para as demais usinas do mundo - defendeu.
- O mundo hoje tem 440 usinas construídas, mais 25 em construção e algumas sendo encomendadas. Os EUA estão estendendo a vida útil de suas 104 usinas para, depois de 2030, partir para produção de fabricação em grande escala de hidrogênio, em substituição ao petróleo.
Zieli defendeu-se destacando que a empresa tecnicamente está muito bem e a direção tem mantido as usinas em total nível de segurança, com respeito ao ser humano e ao meio ambiente. Do ponto de vista econômico e financeiro, o físico disse que tem feito o máximo para viabilizar a empresa num novo contexto de comercialização.
- Em contato com os ministros e com a Secretaria do Tesouro já estamos numa finalização de uma solução definitiva capaz de transformar essa empresa numa empresa realmente rentável.
O físico nuclear disse que recebeu a informação de sua substituição a poucos dias, diretamente do presidente do Conselho de Administração, que adiou a data da reunião do grupo para tratar do assunto. Para Zieli Dutra:
- O governo tem que decidir se coloca o país numa posição de destaque internacional ou então desprezar e desmontar todo um programa nuclear brasileiro que começou antes de nós, por outros cérebros. Temos que ter muito orgulho desse projeto, porque muita coisa já foi feita com cérebros nacionais. Vale muito mais a capacidade cerebral de uma equipe de um país do que simplesmente ficar se preocupando com os recursos arrecadados.
O ex-presidente da Eletronuclear explicou ainda que a sua substituição aconteceu depois da reunião do Conselho Nacional de Política Energética, que tinha em pauta diversos assuntos, inclusive a retomada da construção de Angra 3, "frustrada", segundo Zieli.
Thomé Filho saiu da Eletronuclear por defender programa nuclear brasileiro
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Quinta, 14 de Abril de 2005 às 12:00, por: CdB